De acordo com um levantamento realizado por pesquisadores do Sou Ciência (Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência), vinculado à Universidade Federal de São Paulo, (Unifesp), o número de estudantes negros que ingressaram em universidades federais brasileiras passou de 17% para 49% em 13 anos. Em 2009, eram 135.121 mil estudantes negros, número que subiu para 515.699 mil em 2022.
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A informação, que usou dados do Censo do Ensino Superior realizado anualmente pelo Ministério da Educação (MEC), consta no painel “Cotas nas Instituições Públicas de Ensino Superior”. O levantamento aponta que a Lei n. 12.711/2012, referente às cotas, é responsável pelo aumento, desde que foi implementada em 2013.
Em 2009, cerca de 10.735 alunos negros entraram em universidades brasileiras pelo sistema de cotas, e em 2022, o número subiu para 241.443 estudantes. Mas apesar do aumento de cotistas negros, os dados também mostram que eles ainda não são maioria. Em 2022, dos mais de 515 mil que passaram para institutos federais, cerca de 241.443 entraram pelas cotas, o que representa apenas 46,8% do total.
A pesquisa também afirma que apesar do aumento, os números ainda são baixos, diante da quantidade de pessoas negras no país, que de acordo com o último Censo, de 2022, representam 55,5%, a partir da autodeclaração.
Mas com a intensão de continuar melhorando os dados com relação ao perfil dos universitários nas universidades federais, a Lei de Cotas foi atualizada e renovada por mais 10 anos em novembro de 2023, e já começou a entrar em vigor a partir deste ano.
O Diretor de Avaliação da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), Ulysses Tavares Teixeira, estava presente na mesa do lançamento que aconteceu no início de maio. Junto dele estava uma das coordenadoras do SoU_Ciência, Maria Angélica Minhoto, que comemorou a pesquisa.
“O nosso compromisso é com a democratização da Educação Superior. E nós, do SoU_Ciência, pudemos constatar que a política de cotas representa concretamente essa possibilidade de termos uma sociedade justa. Essa ação afirmativa é uma conquista das lutas históricas da nossa sociedade contra a opressão e o racismo, mas o destaque é, de fato, para o movimento negro — um movimento que é educador. Todo o nosso respeito e agradecimento a esse movimento”, declarou Minhoto.
O painel foi realizado com foco especial na política de reserva de vagas para o ingresso nas universidades públicas federais e estaduais, e apresenta os efeitos das ações afirmativas na diversificação do perfil de cor ou raça, socioeconômico e de escolarização básica dos estudantes matriculados nessas instituições.
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