Na última quarta-feira (30), uma das maiores organizações indígenas do Canadá encontrou 182 covas não identificadas em um terreno onde funcionava um antigo internato indígena para crianças, na província de Colúmbia Britânica. Havia cerca de 130 internatos deste tipo no Canadá, geralmente administrados pela Igreja Católica por mais de um século.
Até a semana passada, 751 covas foram localizadas em outro internato indígena. Ao todo, 1.148 covas não identificadas já foram localizadas por entidades indígenas canadenses e as buscas se intensificaram após um pesquisador identificar restos mortais de 215 crianças em uma escola desativada.
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Num pronunciamento no fim do mês passado, após encontrar os primeiros restos mortais das crianças, o Primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau afirmou ser este um capítulo vergonhoso na história do país e acrescentou: “Não podemos desfazer o passado, mas podemos nos comprometer todos os dias para consertá-lo no presente e no futuro“. O Papa Francisco expressou sua “dor” e pediu que as autoridades políticas e religiosas trabalhassem juntas para jogar luz sobre o caso, contudo, não se desculpou. Ao falar pessoalmente com o Papa, Trudeau enfatizou o quanto é importante não apenas reconhecer a responsabilidade da Igreja, mas pedir desculpas aos canadenses indígenas em solo canadense.
Entenda o caso
Até a década de 1990, mais de 150 mil crianças nativas e mestiças eram levadas à força para 139 desses internatos em todo o país, sendo obrigadas a ficar longe de suas famílias, idioma e cultura, além de terem de se converter ao catolicismo. Essas crianças eram submetidas a maus-tratos e abusos sexuais, além de serem proibidas de falar sua língua ou praticar os rituais de seus povos. Segundo alguns nativos que frequentaram uma destas instituições, se não falassem inglês ou francês tinham a boca lavada com sabão.
O governo do Canadá, com o apoio da Igreja Católica, administrou colégios cujo objetivo era promover a integração dos povos indígenas à sociedade.