O empresário paranaense Luciano Fracaro, mesmo condenado por envolvimento em fraudes contra aposentados, exibe em suas redes sociais um estilo de vida marcado pelo luxo. Entre seus bens, estão ao menos dois carros da marca Lamborghini, um BMW, um jato particular, um iate de 22 metros e 17 imóveis avaliados em mais de R$ 7,6 milhões, de acordo com apuração do UOL.
Em 2023, Fracaro foi sentenciado pela Justiça do Distrito Federal a três anos de prisão por liderar uma organização criminosa que realizava descontos indevidos de benefícios de idosos. A pena foi convertida em medidas alternativas, mas tanto o Ministério Público do DF quanto o próprio empresário recorreram. No ano seguinte, empresas do grupo dele foram condenadas a pagar R$ 1,5 milhão em danos morais coletivos pelo mesmo tipo de prática em São Paulo. Há também uma ação em andamento no Rio Grande do Sul, onde o MP pede indenização de R$ 500 mil.
Segundo levantamento da plataforma Escavador, companhias ligadas ao empresário foram alvo de mais de 15 mil processos nos últimos quatro anos. Apesar disso, Fracaro costuma ostentar seus bens. “Todo mundo gosta das Lamborghinis, eu tenho duas”, declarou em suas redes. Em entrevista a um podcast, completou: “A maior embarcação que navega, acho que do Sul do Brasil, é a minha”.
Os negócios de Fracaro giram em torno do grupo Suda, sediado em Curitiba. Inicialmente voltado para corretagem de seguros e clubes de benefícios, o conglomerado passou a atuar também com seguradora (Sudaseg) e financeira (Sudacred). Os números da Sudaseg, segundo dados da Susep, chamam atenção: em 2024, a cada R$ 100 arrecadados em apólices, apenas R$ 3 foram pagos em sinistros, enquanto a média do mercado foi de R$ 42.

A Sudacred, criada em 2021, ampliou as queixas de consumidores ao realizar cobranças de seguros diretamente nas contas em que aposentados recebem o INSS, sem que, segundo relatos de clientes e dados oficiais, houvesse contratação. Em julho de 2025, o Banco Central alterou as regras de débito automático, exigindo autorização expressa do consumidor, medida tomada após reportagens do UOL revelarem milhares de cobranças indevidas.
As empresas de Fracaro contam com o apoio político do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que, de acordo com apuração do UOL, atuou junto ao Banco Central e a bancos privados para impedir a suspensão das cobranças da Sudacred. Ao ser questionado, Barros afirmou ter defendido a empresa “porque é uma empresa paranaense que buscou o apoio para assegurar sua capacidade de concorrência no setor que atua”.
Além da relação com Barros, Fracaro doou R$ 300 mil à campanha do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), em 2022, a maior doação feita por pessoa física sem cargo eletivo.
Na esfera judicial, decisões têm apontado que as empresas se aproveitam da vulnerabilidade tecnológica e financeira dos idosos. Em sentença de 2024, o Tribunal de Justiça de São Paulo destacou que os consumidores “não recebem informações claras e precisas” e são forçados a contratar serviços que não desejavam, gerando “angústia e sofrimento”.
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