Deputado que destruiu homenagem ao Dia da Consciência Negra assume Zambelli na Câmara

O deputado federal eleito Coronel Tadeu suplente de Zambelli — Foto: Reprodução/Facebook

O cenário político em Brasília ganha um novo contorno com a iminente posse do Coronel Tadeu (PL-SP) como deputado federal, assumindo a vaga deixada por Carla Zambelli (PL-SP), cassada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, a chegada do suplente à Câmara dos Deputados já repercute por um episódio controverso de seu passado: a quebra de uma placa alusiva ao Dia da Consciência Negra, em 2020.

Policial militar aposentado e figura alinhada à pauta bolsonarista, Coronel Tadeu era primeiro suplente da chapa de Zambelli. Em sua trajetória política, acumula episódios polêmicos como o rompimento da placa, que denunciava a violência policial contra a população negra, um dos mais emblemáticos e criticados por movimentos sociais, parlamentares e entidades de defesa dos direitos humanos.

O deputado federal eleito Coronel Tadeu (PSL) — Foto: Reprodução/Facebook

O episódio, ocorrido em 2019 dentro da própria Câmara, gerou forte repercussão. A placa trazia a imagem de um jovem negro morto e a frase “O genocídio da população negra”. O então deputado quebrou a peça com as próprias mãos, alegando que ela ofendia a Polícia Militar. Na época, o ato foi interpretado como uma demonstração de desrespeito às pautas antirracistas e aos movimentos que lutam contra a violência racial no Brasil.

Em 2021, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados puniu Coronel Tadeu com uma advertência verbal pelo episódio. Nas eleições de 2022, Tadeu obteve 61 mil votos, ficando como terceiro suplente da coligação.

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Agora, com a confirmação da cassação de Zambelli, Coronel Tadeu volta à Câmara e reacende debates sobre representatividade, racismo estrutural e os desafios das pautas de direitos humanos no Congresso Nacional.

Acusações e polêmicas: episódios que marcaram a trajetória de Carla Zambelli na política

Ataque contra Benedita da Silva: em julho de 2024, Carla Zambelli chamou a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) de “Chica da Silva” durante uma transmissão ao vivo, ao reclamar de não ter sido escolhida para discursar em evento do G20. A fala foi interpretada como racista e gerou ampla repercussão. Benedita respondeu que “medidas estão sendo tomadas”, e a Secretaria da Mulher da Câmara emitiu nota de repúdio.

Zambelli se defendeu dizendo que “trocou os nomes”, pediu desculpas, mas o episódio foi considerado mais um ataque de cunho racista e desrespeitoso. A Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliou que não houve crime de racismo, mas classificou como uma fala infeliz.

Invasão ao sistema do CNJ e falsidade ideológica: em maio de 2024, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou, por unanimidade, denúncia contra Carla Zambelli e o hacker Walter Delgatti Neto. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli teria contratado Delgatti para invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. A investigação revelou que Delgatti realizou múltiplas invasões e inseriu diversos documentos falsos nos sistemas do Judiciário.

Porte ilegal de arma e constrangimento ilegal: em 2022, Zambelli foi flagrada perseguindo um homem negro armada pelas ruas do bairro Jardins, em São Paulo. Em março de 2025, foi condenada pelo STF por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal, resultando na cassação de seu mandato e suspensão dos direitos políticos por oito anos.

Propagação de fake news e cassação pelo TRE-SP: em janeiro de 2025, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) cassou o mandato de Zambelli por disseminação de desinformação sobre o processo eleitoral brasileiro. Ela também foi multada em R$ 30 mil pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por divulgar notícias falsas sobre a manipulação de urnas eletrônicas durante a campanha de 2022.

Ações cíveis por danos morais: em 2022, Zambelli foi condenada a pagar R$ 20 mil à ex-deputada Manuela d’Ávila por publicar uma montagem ofensiva nas redes sociais. Em 2024, foi condenada a pagar R$ 3 mil a uma professora após divulgar seu número de telefone nas redes sociais, expondo-a a ataques.

Investigação por tentativa de golpe de estado: em julho de 2024, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a abertura de uma investigação para apurar o suposto envolvimento de Zambelli em uma tentativa de golpe de Estado. A investigação visa esclarecer se ela intermediou a viagem de uma influenciadora à Espanha para obter informações que descredibilizassem o resultado das eleições de 2022.

Jaice Balduino

Jaice Balduino

Jaice Balduino é jornalista e especialista em Comunicação Digital, com experiência em redação SEO, assessoria de imprensa e estratégias de conteúdo para setores como tecnologia, educação, beleza, impacto social e diversidade. Mineira e uma das mentoradas selecionada por Rachel Maia em 2021. Acredita no poder da colaboração e da inovação para transformar narrativas e impulsionar negócios com excelência

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