Na última terça-feira (31), durante audiência pública pela Comissão de Representação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), foi divulgado que a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) no Rio de Janeiro, teve uma redução de quase 50% do seu quadro de funcionários.
Segundo a chefe de polícia da Decradi, delegada Rita de Cássia, durante a Comissão para Acompanhar o Cumprimento das Leis (Cumpra-se) da Alerj, a redução de profissionais atuando na delegacia aconteceu por falta de novos concursos públicos. A Decradi já está há cinco anos no Rio, instalada em 2018 por meio da aprovação da Lei 5.931/11 na Alerj.
Neste ano, quando foi inaugurada no Estado, a delegacia localizada no Centro do Rio, possuía 20 funcionários, e hoje o número chega a 11 pessoas. De acordo com a delegada, essa a única unidade do Estado direcionada a investigar crimes dessa natureza, mas que eles também podem e devem ser investigados pelas delegacias distritais, não especializadas.
“Qualquer delegacia pode investigar esses crimes, mas sabemos que na Decradi o atendimento vai ser mais especializado e a investigação é direcionada. A verdade é que a polícia civil como um todo foi esvaziada, com muitas aposentadorias, por falta de concurso. Temos que lembrar que os servidores estão envelhecendo”, explicou Rita de Cássia.
Um dos desafios, segundo a delegada, também é conseguir funcionários qualificados para lidar com esse tipo de crime. “Além de aumentar o contingente, é preciso que esses policiais dominem o assunto. Temos uma turma em treinamento na Acadepol, atualmente, e esperamos ter esse quadro reformulado em breve, com profissionais especializados. Afinal, estamos lidando com crimes delicados e sensíveis”, disse Rita.
Após o anúncio sobre a situação da Decradi, o autor da lei que a criou, o deputado Átila Nunes (PSD) anunciou durante a reunião que se encontrou com o Governador do Rio, Cláudio Castro, que afirmou que vai recompor o quadro de funcionários da delegacia.
“Não vamos conseguir os 20 servidores de volta, mas sai do Palácio Guanabara com a promessa de que o número de funcionários vai aumentar. Considero essa lei a maior conquista contra a intolerância religiosa aprovada no Parlamento Fluminense e ter esse instrumento sucateado não é uma opção”, afirmou Átila Nunes.
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