O Ministério Público do Pará (MPPA) enviou um ofício à atual ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Britto, para que a pasta e o governo apresentem provas sobre os relatos da ex-ministra e senadora eleita Damares Alves sobre o abuso de crianças na Ilha do Marajó-PA. A ex-ministra relatou que o presidente Bolsonaro conhecia a situação e por ter se levantado contra essa sofre uma “uma guerra espiritual”.
As declarações de Damares foram proferidas durante um culto da igreja Assembleia de Deus, em Goiânia, no último sábado (08) quando ela alegou ter descoberto que “crianças brasileiras, de 3 e 4 anos, que quando cruzam as fronteiras sequestradas, os seus dentinhos são arrancados (…)” para facilitar o abuso sexual delas.
Embora a ex-ministra relate que sua descoberta tenha sido feita enquanto chefiava o Ministério da Família, nada efetivamente feito à época foi registrado até o momento . O ofício enviado pelo MPPA solicita então que as provas das alegações de Damares sejam enviadas “a fim de que os relatos sejam investigados e todas as providências cabíveis possam ser adotadas”.
O documento do Ministério Público do Pará ainda destaca a importância da proteção dos Direitos Humanos, uma das atribuições do Ministério que Damares passou quase quatro anos como responsável.
O Ministério observou no documento: “a realidade sensível do Arquipélago do Marajó, composto por municípios, dos quais alguns apresentam os piores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil, o MPPA vem atuando no fortalecimento institucional naquela região, bem como na ampla mobilização social em prol dos direitos humanos sexuais e reprodutivos de crianças e adolescentes”.
Além das provas sobre as alegações da ex-ministra, o governo também precisa em cinco dias a contar do dia 11 de outubro, quando o ofício foi enviado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, informar as providências tomadas por Damares a partir do conhecimento da situação por ela relatada:
“O Ministério Público do Estado do Pará solicita que seja encaminhada documentação existente neste Ministério, no prazo de 05 dias, bem como eventuais esclarecimentos a respeito de medidas tomadas sobre os fatos alegados, a fim de que os relatos sejam investigados e todas as providências cabíveis adotadas”, diz o ofício.
A Polícia Civil do Pará também encaminhou um pedido à pasta solicitando documentos, mídias e “tudo o mais que possa subsidiar o desenvolvimento dos necessários procedimentos investigatórios”.
Até o momento a pasta não se pronunciou.