O rapper Criolo incentiva o debate sobre o resgate de memória ancestral e prosperidade da história preta em novo clipe da música “Pretos Ganhando Dinheiro Incomoda Demais”. O filme integra a campanha Árvore da Riqueza, uma criação coletiva entre os alunos do Soma+, plataforma gratuita de educação e inclusão para jovens periféricos, em parceria com profissionais das agências Gana e Mooc, Oloko Records e o próprio rapper.
“E os que nem o Bom Prato tem? Então, todo dia é vitória do sistema. A diferença é que, para vocês, nós temos que ficar só onde nós ficamos. E aí, conversa com a ‘Pretos Ganhando Dinheiro Incomoda Demais’. Eu poderia dar outro nome para a canção, mas eu faço questão do título ser o bagulho central, para quando estiver numa rádio, na televisão, a pessoa falar o nome da música. Então, mesmo sem ouvir, o nome da música já abre o debate”, completa Criolo.
Clipe
Produzido pela Landia com direção de Hanna Batista, o roteiro do clipe é uma fábula que traz uma alegoria moral falando sobre a prosperidade do povo preto junto com a ancestralidade.
“Antigamente, os pretos tiveram seus frutos roubados, e é esse alerta que queremos deixar para que futuramente a riqueza não seja mais tirada do seu povo: a união é crucial para manter o legado do que já foi construído”, comenta a diretora.
“Quando eu falo da gente como povo preto, eu tento construir um imaginário que possamos nos ver no surreal, em um espaço de fantasia, lúdico, onde a gente possa ter histórias que envolvem prosperidade e a união da gente como povo preto. E desde que o roteiro chegou, só abriu espaço para que toda a criação evoluir para esse lugar”, diz Hanna.
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A equipe do curta foi composta por pessoas de diversos lugares do Brasil (Bahia, Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, entre outros), o que contribuiu para a troca de ideias, baseadas em bagagens diferentes e complementares.
O clipe traz várias crianças pretas, que ao descobrirem o poder da irmandade, se juntam para semear e cultivar a Árvore da Riqueza que cresce e dá frutos para toda a comunidade. “Eu gosto da ideia das crianças conseguirem se identificar”, diz.
Hanna comenta: “Ali a gente passa uma lição, contamos de uma forma ilustrativa o que já vem acontecendo com nossas árvores da prosperidade sendo podadas, seja na violência policial ou na violência política do Estado“
É um clipe onde as crianças conseguem entender uma moral: é a união que faz a força e juntos vamos
conseguir defender o que é nosso”, finaliza a diretora.
Hanna Batista é uma diretora de cena amazonense radicada em São Paulo. Em 2021, ganhou um Leão de Bronze na categoria Entretenimento com seu primeiro filme publicitário, o que abriu as portas para trabalhar com marcas como Ruffles, O Boticario, Kit Kat, Netflix, Jhonson’s entre outros. Seu trabalho busca inspiração no afrofuturismo, cultura de rua e pop, universo geek, cinema e identidade brasileira.
Árvore da Riqueza
A discussão proposta no clipe é levada para a realidade no webapp Árvore da Riqueza, onde são contadas as raízes dos personagens presentes no filme e é possível colher os frutos reais ligados a outras árvores plantadas por negócios espalhados pelo Brasil.
Como por exemplo, cursos gratuitos de representatividade preta, descontos em livros de autoras negras, artes exclusivas da campanha e desconto em cursos sobre finanças.
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Sobre os Frutos
No webapp Árvore da Riqueza, onde são contadas as raízes dos personagens presentes do clipe, é possível colher os frutos reais ligados à arte e educação.
Entre eles, cursos gratuitos de representatividade preta, descontos de 50% e 80% em livros de autoras negras, artes exclusivas da campanha e 50% de desconto em cursos sobre finanças.
Livraria Africanidades especializada na valorização de narrativas pretas, Brava.sp, espaço de cursos, oficinas e rodas de conversas guiados pelo olhar de mulheres cis e pessoas trans e NoFront, escola de finanças pensada para emancipação e autonomia da comunidade negra e periférica.
O artista visual Del Nunes que retrata a cultura periférica e afro-brasileira através da colagem digital, e Gean CG, artista digital que faz uso dos NFTs para arrecadar fundos para projetos sociais.
Construção Coletiva
A campanha Árvore da Riqueza faz parte do projeto de conclusão dos participantes da edição de 2022 do Soma+. O trabalho foi feito de forma colaborativa entre os jovens do programa, que juntaram suas vozes e olhares para a publicidade em parceria com as agências, Gana e Mooc, a Oloko Records e o Criolo.
“O SOMA+ é um programa fundamental para o mercado da comunicação. E um projeto de conclusão com tanto impacto só reforça essa importância. Foi um prazer poder estar ao lado desses jovens talentos.
Ajudando, orientando e compartilhando os passos dados. E também contar com o Criolo e todo time da Oloko e Mooc”, declara Ary Nogueira, Sócio e CCO da GANA.
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Levis Novaes, Cofundador, CSO & Novos Negócios da MOOC, fala que “entender a importância desse momento que está sendo construído coletivamente, com toda certeza é o que nos leva mais longe. Quando falamos na jornada construída pela história preta, sobretudo no Brasil, estamos conectando a memória ancestral com o que podemos fazer hoje e impactando na projeção de futuro da comunidade negra”.
Ele complementa dizendo que “esse é um futuro próspero e com mais acessos, um lugar criativo simplesmente pela forma de existência. Nós temos buscado alcançar mais e transformar as estruturas de acesso, para que a semente gere muitos frutos e ninguém os tire do que foi realizado aqui“.
“A MOOC como uma agência criativa e ecossistema feito por profissionais pretos, que nos últimos anos têm acompanhado esse poder de realização, o impacto cultural e o quanto isso pode chegar longe em resultados concretos. Estamos falando de novas camadas alcançadas e abrindo as portas para mudanças
estruturais”, finaliza.
O processo de criação do clipe contou com a participação das especialistas Rafaela Pinah, Nathalia Grilo e Preta Kiran que trouxeram uma perspectiva ancestral e decolonial sobre prosperidade preta, além de referências que foram fundamentais para o desenvolvimento da campanha.
Soma+
Soma+ é uma iniciativa da área de Impacto da AKQA que integra o Programa Global de Equidade Racial da WPP. O propósito do projeto é impulsionar o início da carreira de jovens talentos negros e indígenas, moradores de periferias do Brasil, por meio de um programa prático de educação gratuita e inclusão.
“Todos os dias, a publicidade tem a oportunidade de ditar comportamentos e influenciar a cultura coletiva de milhões de pessoas. Os clientes buscam a ajuda das agências para satisfazer os consumidores que hoje exigem das marcas responsabilidade social e ambiental”, explica Paula Santana, Líder de Impacto da AKQA.
Ela diz que “essa ajuda só será efetiva se os times das agências espelharem a sociedade em que as marcas estão inseridas. O Soma+ nasceu com esse objetivo e em três anos já capacitou mais de 1100 jovens negros e indigenas periféricos”.
“Queremos convidar mais agências e marcas a participarem dessa iniciativa e abrirem vagas afirmativas para incluírem esses novos talentos no mercado de trabalho. Só juntos promovemos mudanças estruturais com impactos capazes de transformar não só o negócio, mas também a sociedade”, conclui Paula Santana.
Com mil vagas abertas, as inscrições para a edição de 2023 do programa podem ser feitas pelo site somosoma.com a partir de 07 de fevereiro. As aulas são gratuitas, semanais, à distância e iniciam em 26 de abril.
A iniciativa 1Milhão de Oportunidades da UNICEF é a plataforma oficial para conexão entre os alunos Soma+ e empresas signatárias com vagas afirmativas na área de comunicação. Entre as corporações que já aderiram ao compromisso estão as agências AKQA, Grupo Ogilvy, H+K, Market Data, Lápis Raro, Hogarth e Ampfy.
Mais de 1100 alunos e alunas já atenderam as aulas ministradas pelos próprios profissionais da AKQA SP e convidados do mercado publicitário, entre eles, profissionais de empresas como Google, Tinder, Coca-Cola e Ambev.
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Em sua primeira edição, após o término do curso, 87% dos estudantes tiveram entrevistas de emprego e 40% foram contratados. A segunda edição do programa contou com parceria da Indique, consultoria voltada para desenvolvimento e capacitação de pessoas negras, no processo de recrutamento humanizado desses futuros profissionais.
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