Passados alguns dias do final oficial do “maior show da terra”, a idealizadora e performer Dandara Patroclo disponibiliza em seu canal do YouTube o curta-metragem e vídeo-dança “Um corpo Sem Carnaval”. Diretor de fotografia Felipe Tomassini e Direção cênica de Ella Nascimento , a obra é uma das consequências da pandemia de Covid 19 que privou as pessoas de estarem dançando nas ruas e vielas onde os blocos carnavalescos fazem memórias.
No vídeo, é possível contrastar as ruas vazias, um único corpo da artista Dandara Patroclo marcando um período em que as avenidas ficaram esvaziadas e os corpos privados do carnaval. O curta foi gravado nas ruas e vielas por onde os blocos carnavalescos passam na cidade do Rio de Janeiro, e por esse trajeto, da casa até a avenida.
Esse corpo dançante traz memórias históricas, político-culturais e socioeconômicas, nas diversas células coreográficas que fazem parte das suas vivências dos coletivos Amigos da Onça e Malungüetú, juntando ancestralidade e contemporaneidade.
“Nosso principal objetivo com a obra é contribuir com a pesquisa e o legado da dança no Brasil, além de visibilizar o carnaval de rua enquanto espaço de promoção de alteridades e manifestações sociais e os impactos históricos-culturais e econômicos, produzidos durante a festa”, explica a idealizadora Dandara Patroclo.
Um Corpo Sem Carnaval valoriza a potência que é o carnaval de rua no Rio de Janeiro e todas as possibilidades que ele traz consigo. Dandara revela que o projeto foi pensado para todos e todas que se identificam e caem nos festejos dos carnavais cariocas.
“A rua revela as principais simbologias do tempo histórico de um lugar e é nela que o carnaval acontece, festejando, mas também problematizando as suas feridas históricas. Além disso tem os corpos, o corpo dançante, o corpo protesto, o corpo história, o corpo que ocupa e aqui é lugar de pesquisa e contador de histórias”, explica Dandara.
A ausência do carnaval, o vazio nas ruas, e a troca estabelecida nesse contexto, foram provocações para refletir sobre o impacto dessa festividade na vida das pessoas e na dinâmica socioeconômica dos lugares em que o carnaval é um dos principais acontecimentos anuais, como é o caso do Rio de Janeiro.
“Paralelo a isso tem a questão da Dança dentro do carnaval de rua não ser colocada como relevante na produção cultural local. E as interpretações acerca do corpo preto carnavalesco. Onde estão esses corpos!? Como!? De onde surge o carnaval e o quanto mantemos e mudamos de lá pra cá!? São questões que o projeto pretende elucidar”, completa a artista.
PODCAST
Além da exibição do vídeo-dança em seu canal do YouTube, Dandara Patroclo e Natasha Pasquini, duas mulheres pretas que atuam no carnaval carioca, lançaram o podcast Um Corpo Sem Carnaval. O programa é uma conversa de resgate e troca sobre a corpa dançante/político preta, brincante do carnaval de rua, suas camadas e profissionalização.
“Contaremos com convidados/as de relevância do cenário da dança no carnaval e do RJ” e trazemos Mercedes Baptista como fio condutor de troca e referência, conta. Mercedes Baptista foi a primeira bailarina Preta do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
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Tanto o curta quanto o podcast tem classificação livre, sendo destinado para todas as faixas etárias, gêneros, e pluralidades possíveis. O público alvo é a sociedade em geral e os amantes do carnaval carioca.
SERVIÇOS:
Vídeo-dança Um Corpo Sem Carnaval
Canal do Youtube Dandara Patroclo
Podcast Um Corpo Sem Carnaval
Canal Spotify
Exibição: Gratuita