Participação de representantes da Prefeitura do Rio em Londres inseriu no debate duas vozes negras com trajetórias sólidas na gestão pública e no enfrentamento da crise climática
Nos últimos dias de junho, Eduardo Paes participou de agendas sobre a crise climática em Paris e Londres, acompanhado de dois secretários: Edson Menezes, da Coordenação Governamental, e Tainá de Paula, titular da Secretaria de Ambiente e Clima. Ambos têm trajetórias relevantes na gestão pública, são negros, e representaram a Prefeitura do Rio em discussões internacionais.
A viagem integrou as articulações para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém (PA), em novembro. Em Paris, Paes participou da reunião do grupo C40, que reúne prefeitos de grandes cidades comprometidas com ações climáticas. Em Londres, durante a Climate Action Week, anunciou que o Rio sediará a Cúpula Mundial de Prefeitos, evento que abrirá o Fórum de Líderes Locais da COP30, além do Prêmio Earthshot, que será realizado pela primeira vez na América Latina.
Em entrevista ao Notícia Preta, os secretários Edson Menezes e Tainá de Paula comentaram sobre a participação do Rio em encontros internacionais sobre mudanças climáticas, realizados em Paris e Londres.

“Estávamos ali discutindo clima, mas também justiça climática, o direito das periferias e das populações negras de ocuparem os espaços onde as decisões são tomadas. Levar nossas vozes à mesa é fundamental para garantir políticas ambientais verdadeiramente inclusivas“, destaca Edson Menezes, o “Edinho”, como é conhecido no meio político.
Edson Menezes é ex-subprefeito da Zona Oeste e assumiu, em janeiro, a Coordenação Governamental da Prefeitura do Rio, responsável por integrar políticas públicas e articular diferentes órgãos. Ele é considerado um dos principais nomes da equipe do prefeito Eduardo Paes e do vice-prefeito Eduardo Cavaliere.
Tainá de Paula, destacou que a participação do Rio em eventos globais reforçou o papel das cidades na agenda climática.
“Não se trata apenas de presença. Estamos falando de formulação, de estratégia e de tomada de decisão. Dez anos depois do Acordo de Paris, acompanhar o prefeito Eduardo Paes em Londres, com as principais lideranças do planeta, representando a cidade do Rio, reforçou o papel essencial das cidades na construção de um futuro climático mais justo e sustentável, além de enfatizar o protagonismo da capital para soluções globais. De Paris à Belém, com uma escala para sediar a Cúpula Mundial de Prefeitos em novembro, no Rio, o tempo de ação é o agora“, destacou a arquiteta e urbanista, que ocupa hoje uma das secretarias mais estratégicas da gestão.
A presença de Edson e Tainá ao lado do prefeito durante os encontros internacionais é simbólica, e inédita. Pela primeira vez, a delegação oficial do Rio em um evento global contou apenas com dois secretários negros ocupando assentos de peso em negociações e articulações de alto nível.
A escolha de Paes em se fazer acompanhar por esses nomes é, também, uma resposta à crítica recorrente sobre a ausência de diversidade racial nos espaços de poder.
No cenário político brasileiro, a sub-representação de pessoas negras ainda é gritante. Dados do IBGE mostram que, embora pretos e pardos representem cerca de 56% da população, sua presença nos altos escalões do Executivo municipal, estadual e federal ainda é mínima. Por isso, quando dois gestores negros estão não apenas presentes, mas liderando articulações internacionais, o gesto tem força política, e simbólica.
O próprio Paes tem apostado em um discurso mais conectado à diversidade e à justiça social. Em tempos de negacionismo climático e apagamento das vozes periféricas, abrir espaço para lideranças negras é mais do que necessário: é urgente. O que está em jogo, agora, é garantir que essa presença não seja apenas episódica ou decorativa, mas estruturante.