Camila Pitanga está de volta às novelas em grande estilo. Em “Dona de Mim”, nova trama das 19h da TV Globo, que estreia no dia 28 de abril, a atriz interpreta Ellen, uma mulher que se vê diante de uma decisão difícil e profundamente humana. A personagem marca não só o retorno de Camila retorno à teledramaturgia, como também representa um momento importante de transformação na forma como pessoas negras ocupam o espaço nas telas brasileiras.
Em entrevista ao Notícia Preta, Camila Pitanga destacou a importância de ver mais mulheres negras ocupando espaços de protagonismo e fez questão de citar nomes que, para ela, são referências e inspirações.
“Roberta Rodrigues, Isabel Fillardis, Juliana Alves, Sheron Menezzes… mulheres que são também desbravadoras”, afirmou. “Quero que logo elas estejam protagonizando mais e mais. Sheron já fez o dela, mas ela tem que ter mais. A gente quer em todos os lugares: no cinema, no teatro, na publicidade, né? Vamos combinar. Porque a gente tem muito o que contar.”
Além do mergulho criativo, a atriz vê a trama como parte de um movimento maior, um reflexo de mudanças importantes no audiovisual brasileiro.
“É que meu pai sempre disse, né, que trocava seis por meia dúzia, porque eram os mesmos atores e com tempo de tela, com a visibilidade muito pequena, eles sendo gigantes. Quando eu falo eles, elas, eu tô falando de Ruth de Souza, Léa Garcia, do meu pai. E eles não arredaram o pé, prosperaram, brilham. Até hoje meu pai é um negro de movimento, um negro vencedor.”

Camila reconhece que foi o legado dessa geração que possibilitou os avanços de hoje. “O trabalho, o legado que eles nos deram de luta, abriu esse espaço e semeou o que hoje nós vivemos: uma constelação. Uma constelação de atrizes e atores que sabem desse legado, que sabem dessa caminhada, que assumem essa responsabilidade e podem respirar, sorrir, viver e se desdobrar em 30 mil personagens.”
Em conversa com o Notícia Preta, Camila fala sobre o papel, o desafio emocional de viver Ellen.
“A Ellen exigiu de mim um estado de sensibilidade mais delicado, mais introspectivo, ainda que seja alguém que briga pelo que acredita”, conta. “Ela é provocada pela situação da vida dela a ter que fazer uma escolha muito difícil. Então eu, Camila, precisei realmente pensar: do fundo do meu coração, do meu âmago, como que eu lidaria com isso? Eu não sei se eu faria a mesma coisa que a Ellen. E o barato é que a gente aprende com as personagens.”
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