A Câmara dos Deputados decidiu, na madrugada desta quinta-feira (11), rejeitar a cassação da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e, horas antes, aprovou a suspensão, por seis meses, o mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). A votação, marcada por articulações de bastidores e forte tensão política, reacendeu debates sobre seletividade nas punições e a influência de alianças no Congresso.
Zambelli, condenada pelo Supremo Tribunal Federal a dez anos de prisão por envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça e por porte ilegal de arma, está presa na Itália desde julho. Mesmo com a condenação definitiva, 227 deputados votaram pela cassação, número insuficiente para atingir o mínimo necessário de 257 votos. Assim, a parlamentar mantém seu mandato. A decisão repetiu o ocorrido em 2013, quando Natan Donadon também teve o mandato preservado mesmo após condenação criminal.

No caso de Glauber Braga, o Conselho de Ética recomendava a cassação por quebra de decoro, após o deputado se envolver em uma briga com um membro do MBL nas dependências da Câmara. No entanto, uma articulação entre PSOL, governo e setores do Centrão resultou na aprovação de uma emenda que reduziu a punição para suspensão de seis meses. A proposta foi aprovada por ampla maioria: 318 votos.
A sessão refletiu disputas políticas e narrativas em torno de punições diferenciadas. Enquanto Zambelli, figura central da extrema direita, contou com apoio expressivo para permanecer no cargo mesmo após condenação criminal, Glauber, conhecido por enfrentamentos diretos com a cúpula da Câmara e denúncias contra Arthur Lira, recebeu apoio para evitar a perda do mandato, mas não escapou da punição.
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O episódio também revelou como tensões políticas se entrelaçam com outras camadas estruturais do país. Parlamentares indígenas, como Célia Xakriabá, foram empurrados durante o tumulto que marcou a ocupação da Mesa Diretora pelo PSOL, e jornalistas foram retirados à força do plenário, levantando questionamentos sobre transparência e violência institucional.
As duas decisões revelam como dinâmicas de poder, alianças momentâneas e pressões externas continuam moldando o comportamento da Câmara, e como isso impacta diretamente debates sobre ética, democracia e representatividade no país.










