O Congresso Botânico Internacional em Madrid, na Espanha, foi palco de uma importante mudança antirracista nas ciências. Em julho, pela primeira vez, botânicos decidiram alterar o nome científico de uma planta por uma questão política ou social, e não científica. Mais de 200 espécies de plantas tiveram os nomes alterados por conter significado racista.
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Os nomes científicos são o registro do histórico daquela espécie estudada e raramente é modificado. Porém a palavra “caffra” que acompanhava plantas vindas da África foi modificada para “affra”. O prefixo “Caf” tem origem numa palavra árabe que significa “infiel/descrente” e era utilizada para se referir a não muçulmanos, uma espécie de “herege”, que é contrário a igreja.
Com o tempo a expressão foi utilizada com conotação racista na África do Sul durante o regime de Apartheid, inclusive sendo considerado calúnia racial passível de pena. Além de ser utilizada para escravos pretos africanos.
Porém a votação durante o congresso não foi tão simples, com 351 votos a favor e 205 contra para a mudança do nome. Alguns botânicos alegam que seria um caos ter que modificar a nomenclatura de diversas espécies e esta mudança poderia abrir um precedente para mais trocas.
A mudança foi proposta por Gideon Smith e Estrela Figueiredo, taxonomistas de plantas na Universidade Nelson Mandela (NMU). “Tivemos fé em todo o processo e o grande apoio global dos nossos colegas, mesmo que o resultado da votação tenha sido apertado”, disse Gideon Smith em entrevista à revista Nature.
Há outros casos na ciência de nomes que ofendem minorias, mas a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica disse em 2023 que não mudaria o nome de espécies como o besouro Anophthalmus hitleri, nomeado em homenagem a Adolf Hitler, por exemplo.
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