Com mais de 2,5 milhões de habitantes, Belo Horizonte (MG) atinge a marca de 102.099 famílias em situação de extrema pobreza pela primeira vez. Este é o maior número já registrado para a capital mineira desde a criação do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).
O levantamento é feito com dados da Secretaria de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania de Belo Horizonte e revela ainda que o desemprego e o aumento dos preços dos alimentos fizeram com que os números chegassem ao atual patamar. Ao todo, ainda de acordo com a pasta, são 239.217 pessoas que sobrevivem com uma renda individual de até R$ 105 em Belo Horizonte.
“Isso é um reflexo da política econômica e social adotada pelo país”, afirma Maíra Colares, Secretária de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania de Belo Horizonte. Ela lembra ainda que o cenário é consequência da PEC 55/2016, que limitou os investimentos em diversas áreas da administração pública.
Além do crescente número de famílias em extrema pobreza, a capital mineira também registrou um aumento nos casos de famílias em situação de pobreza, que vivem com valores mensais entre R$ 105 e R$ 210. Atualmente, são 18.911 famílias e 58.204 pessoas, de acordo com os dados do CadÚnico.
“Algumas famílias que nunca pediram, hoje estão desesperadas. As famílias pedem o que há de mais básico. Alimentação, material de higiene, botijão de gás e até garrafa de água”, relata Francis Santos, presidente da Central Única das Favelas (CUFA/MG), em entrevista ao jornal O tempo, em relação aos números de pedidos de auxilio das famílias mineiras.
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Ainda de acordo com Francis, somente no ano de 2021, foram mais de 206.076 cestas básicas doadas em Minas Gerais e a maior parte em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Além disso, a Cufa também criou o programa Mães de Favela, que auxilia mães periféricas, responsáveis pelo sustento das famílias. “A gente chegou a atender 250 mil famílias, só que as doações diminuíram. Hoje, em todo o Estado, conseguimos atender no máximo 30 mil”, afirma.