Beija-Flor:  Escola de Nilópolis fala sobre o Grito do Ipiranga

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A Beija-Flor de Nilópolis é a penúltima escola a desfilar na Segunda-feira de Carnaval (20), cantando os excluídos do Grito do Ipiranga. A escola vai para a avenida com um enredo que denuncia o apagamento do verdadeiro protagonista da história nacional: o povo brasileiro.

O bicentenário da Independência é um momento propício para um debate profundo acerca dos rumos e do próprio sentido do país. Através do seu desfile em um ato cívico, a escola propõe que a independência é um processo, defendendo um novo marco para a emancipação política brasileira, destacando o protagonismo popular enquanto denuncia o caráter autoritário, tutelar, excludente e desigual do Estado, desde sua gênese até a atualidade.

A Beija-Flor de Nilópolis traz o enredo falando do Grito do Ipiranga – Foto: Alexandre Macieira/Riotur

Os carnavalescos Alexandre Louzada e André Rodrigues, emulam uma troca do 7 de setembro de 1822, data oficial da Independência do Brasil, pelo 2 de julho de 1823, dia da Independência da Bahia

“Até o 2 de julho, a Independência tinha sido na verdade uma troca de mãos da coroa. Saiu do rei de Portugal para o imperador D. Pedro. Mas o povo de verdade só veio a festejar e sentir os efeitos dessa independência um ano e quatro meses depois do Grito do Ipiranga. E mesmo assim, até hoje ainda não tem protagonismo lembrado nesse momento tão importante da nossa história”, disse Louzada.

O desfile vai alternar entre luxo e realidade. O carnavalesco afirma que vai usar muito dourado e muito azul, que são as cores da realeza, para o que chama de “erguer esse grande monumento ao povo” — que será o próprio desfile da escola — com pompa e circunstância.

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Como nos desfiles anteriores, a escola vai ter muitas alas e carros teatralizados justamente para mostrar essa transição da luta para a verdadeira festa popular da Independência.

Enredo Beija Flor 2023

A revolução começa agora

Onde o povo fez história

E a escola não contou

Marco dos heróis e heroínas

Das batalhas genuínas

Do desquite do invasor

Naquele dois de julho, o sol do triunfar

E os filhos desse chão a guerrear

O sangue do orgulho retinto e servil

Avermelhava as terras do Brasil

Eh! Vim cobrar igualdade, quero liberdade de expressão

É a rua pela vida, é a vida do irmão

Baixada em ato de rebelião

Desfila o chumbo da autocracia

A demagogia em setembro a marchar

Aos “renegados” barriga vazia

Progresso agracia quem tem pra bancar

Ordem é o mito do descaso

Que desconheço desde os tempos de Cabral

A lida, um canto, o direito

Por aqui o preconceito tem conceito estrutural

Pela mátria soberana, eis o povo no poder

São Marias e Joanas, os brasis que eu quero ter

Deixa Nilópolis cantar!

Pela nossa independência, por cultura popular

Ô abram alas ao cordão dos excluídos

Que vão à luta e matam seus dragões

Além dos carnavais, o samba é que me faz

Subversivo Beija-flor das multidões

Ficha técnica

Fundação: 25/12/1948

Cores: Azul e Branco

Presidente de Honra: Aniz Abrahão David

Presidente: Almir Reis

Carnavalescos: Alexandre Louzada e André Rodrigues

Diretor de Carnaval: Dudu Azevedo

Intérprete: Neguinho da Beija-Flor

Mestres de Bateria: Rodney e Plínio

Rainha de Bateria: Lorena Raissa

Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Claudinho e Selminha Sorriso

Comissão de Frente: Jorge Teixeira e Saulo Finelon

Jerson Pita

Jerson Pita

Jornalista, marqueteiro, pesquisador e periférico. Cria de Duque de Caxias, escreve sobre entretenimento, sociedade e esportes. No mestrado, pesquisa a autoridade jornalística e a migração da mídia tradicional para o Youtube.

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