Às vésperas da COP30, MPF denuncia “limpeza social” em Belém

Às vésperas da COP30, MPF denuncia “limpeza social” em Belém

Às vésperas da COP30, MPF denuncia “limpeza social” em Belém. Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou manifestação em uma ação civil pública movida pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) contra o município de Belém e a Fundação Papa João XXIII (FUNPAPA), apontando que a gestão municipal tem realizado uma série de medidas classificadas como “limpeza social” contra a população em situação de rua. A denúncia foi formalizada após o não cumprimento de um acordo firmado em março de 2024, e acontece a menos de três meses da realização da Conferência do Clima da ONU (COP30) na capital paraense.

Segundo o MPF, o município adotou práticas de coerção física e psicológica, bem como o uso de arquitetura hostil como instalação de barreiras e objetos que impedem o descanso ou abrigo em espaços públicos para remover pessoas em situação de rua de áreas centrais da cidade. A Procuradoria também acusa a prefeitura de negligenciar o acolhimento institucional adequado, com uma estrutura considerada insuficiente diante da demanda atual.

Às vésperas da COP30, MPF denuncia “limpeza social” em Belém
Às vésperas da COP30, MPF denuncia “limpeza social” em Belém. Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil

Dados anexados à ação indicam que Belém conta com apenas 40 vagas reais em centros de acolhimento, apesar de oficialmente declarar 90. A estimativa é de que entre 2.500 e 3.000 pessoas estejam em situação de rua na cidade. Os poucos espaços disponíveis, ainda de acordo com o MPF, apresentam infraestrutura precária, falta de acessibilidade e não atendem aos parâmetros básicos de dignidade.

A mobilização do MPF começou após provocação dos Correios, que pediram judicialmente a remoção de pessoas que ocupavam a escadaria da sede da agência em Belém. A partir dessa ação, uma audiência de conciliação definiu que o município e a FUNPAPA deveriam implementar medidas concretas de acolhimento. O prazo de 60 dias, no entanto, expirou sem resultados efetivos.

A situação, segundo o MPF, escancara a omissão histórica do poder público municipal no atendimento à população em situação de rua e acende um alerta em meio aos preparativos da COP30. O Ministério também alerta que, com a chegada da COP30, a cidade pode intensificar ações para esconder essas pessoas das áreas centrais, tentando melhorar sua imagem diante da comunidade​

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Rafaela Oliveira

Rafaela Oliveira

Rafaela Vitória é graduanda em Jornalismo, nascida no Maranhão, com atuação profissional em mídias sociais e audiovisual, e interesse em narrativas sobre raça e cinema.

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