Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, foi eleita pela revista Time como uma das 12 mulheres do ano em 2023. O perfil publicado pela Time cita o assassinato da irmã de Anielle, Marielle Franco, morta em 2018, no Rio de Janeiro. Segundo a publicação “a ministra da Igualdade Racial do Brasil nunca planejou entrar na política”, até que “Então sua irmã foi assassinada”, destacou.
“A trágica história familiar, a personalidade calorosa e o uso hábil das mídias sociais transformaram Anielle, ora reservada, em uma líder improvável no movimento pelos direitos dos negros no Brasil”, disse a revista.
Anielle Franco na cerimônia de posse como Ministra da Igualdade Racial. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Em entrevista à GloboNews, Anielle contou como recebeu a notícia da homenagem.
“A gente sabe que tem feito um trabalho muito árduo. A minha vida literalmente mudou muito desde 2018. Eu saindo da sala de aula, acontece tanta coisa negativa… mas também a gente recebeu carinho de tanta gente”, comentou.
Ela ainda falou sobre a missão de manter o legado da irmã vivo. “Tem sido um trabalho incansável, feito com afeto, com muito caráter e valor para manter a memória da Mari viva e chegar aonde estamos chegando hoje”.
Na entrevista ao canal, a ministra também ressaltou importância da homenagem para a família.
“Eu acho que é dar orgulho para minha mãe, para as minhas tias lá no Nordeste, para a minha avó. Eu sempre imagino que ela poderia estar nesse lugar aqui, mas eu também entendo o nosso valor e o quanto que a gente tem trabalhado”, afirmou Anielle.
Ela também comentou o assassinato de sua irmã que completará cinco anos neste mês de março. “Faltam alguns dias para a gente completar cinco anos dessa tragédia, desse crime covarde que foi contra a Mari. Eu fico muito emocionada e feliz por tudo que ela investiu em mim e por toda a educação a que eu tive acesso”, disse.
A ministra fez questão de relembrar a contribuição dos pais para formação dela e da Marielle.
“Para que eu pudesse chegar e estar nesse lugar, meus pais ralaram muito, a Mari também. Venderam sacolé, roupa e sapato nas feiras da Maré e em Vilar dos Teles, para que eu pudesse sempre galgar conhecimento”.
Time conta sobre Anielle
A revista conta que Anielle cresceu no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro e começou a jogar vôlei aos 8 anos de idade. Aos 16 anos foi jogar nos Estados Unidos. Permaneceu no país por 12 anos, onde estudou inglês e jornalismo em duas universidades historicamente negras. A experiência a ajudou a construir a própria identidade.
Anielle também fundo o Instituto Marielle Franco, em julho de 2018, poucos meses após a morte da irmã. A ONG emite relatórios com foco na temática racial, principalmente sobre mulheres negras.
O perfil da Time destacou ainda que um número de mulheres negras concorrendo a cargos nas eleições aumentou significativamente na última eleição, candidatas, 29 foram eleitas para a Câmara dos Deputados. Apesar do avanço, os números não refletem um país em que as mulheres negras representam 28% da população.
“Eu espero que a população negra ocupe o papel de protagonistas na nossa sociedade, e não apenas a capa de jornais como vítimas de um genocídio”, disse Anielle para a Time.
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