Amor preto: “Precisamos simplificar e naturalizar as relações entre pessoas negras”, diz CEO do Denga Love

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Junto ao ritmo intenso do carnaval vem também o clima de paquera que invade os corações dos foliões. Entre as músicas dos blocos, os drinks refrescantes e a energia de felicidade que o carnaval emana tem também as cantadas, os beijos e as investidas tão comuns nesta época do ano. 

Por falar em paixão – seja ela de carnaval ou não – escolher um parceiro ou uma parceira pode estar relacionado também a uma questão de identificação racial. Para Fillipe Dornelas, CEO e fundador do aplicativo Denga – um app de relacionamento voltado para pessoas negras – é essa ligação que faz com que o amor preto seja possível.

“Existe uma palavra chamada “Ubuntu”, que remete “sou o que sou pelo que nós somos”. Esse conceito às vezes é difícil de explicar, porém é muito fácil de se sentir. É o que acontece quando duas pessoas que passam por experiências parecidas de vida se encontram”, afirma o CEO. Ele também explica o motivo que leva pessoas negras a buscarem relacionamentos com outras pessoas negras. 

Fundador do Denga Love explica porque pessoas negras buscam outras pessoas negras. Foto: Pexels

“A busca de uma pessoa negra por querer se relacionar com outra pessoa negra, quase sempre é porque no fundo vem a vontade de conhecer um chameguinho que realmente a entende, e que com certeza vai poder somar de forma especial na caminhada e no dia a dia do relacionamento”.

O fundador do aplicativo Denga Love diz que ele foi criado para preencher uma lacuna e possibilitar que pessoas negras criem essa conexão, se sintam empoderadas e tenham o protagonismo que não possuem em outros aplicativos. “Nós somos uma causa social em constante luta para que as pessoas negras tenham o direito de amar e encontrar o seu amor preto”.

Leia também: Denga: aplicativo brasileiro para relacionamento entre pessoas negras  é lançado nesta sexta (14)

Além disso, Fillipe Dornelas acredita que é preciso naturalizar as relações entre pessoas negras e enxergá-las como um ato fundamental.

”Sentimos que precisamos a cada dia simplificar e naturalizar as relações entre pessoas negras. Por isso acreditamos que é muito mais que revolucionário, e em sua essência algo necessário, como a própria Bell Hooks cita em seus escritos quando fala de valorização da pessoa negra. Na nossa visão, ver pessoas pretas conectadas é uma grande conquista”.

O aplicativo tem o objetivo de criar conexões. Foto: Divulgação

A falta de referência de pessoas negras, para Fillipe, é o que distancia as pautas importantes para o povo negro da comunidade. “Eu mesmo só fui me conscientizar mais tarde do que gostaria e vejo que esse é o principal fato que dificulta muitas pessoas negras a consumir o conteúdo do seu próprio povo. Porém é notório que o cenário mudou, as discussões têm levado o povo preto a refletir sobre seu papel e posicionamento nessa reconstrução”.

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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