Amazonia vira principal caminho para tráfico de drogas, aponta relatório

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Aumento de facções e lavagem de dinheiro também é notada na região. Especialistas afirmam que cocaína produzida na Colômbia e Peru passam pelo Amazonas e Pará para chegar a Europa

A região Norte do país teve um crescimento de 92% nas apressões de cocaína num período de 11 anos, é o que mostram os dados do 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 2013, o número aprendido era de 5,4 toneladas de cocaína, em 2024 esse número passou a ser 10,4 toneladas. O aumento notado no Norte do Brasil é maior que a média do país inteiro, que teve uma alta de 72% na apressão de drogas no mesmo período.

O tráfico de maconha também aumentou em 66 vezes na região Norte, em 2013 o número de substância aprendida era de 229 kilos, já em 2024 esse número chegou a 15,2 toneladas aprendidas. O levantamento considera as apreensões feitas segundo a Polícia Federal, e pode contar também com dados feitos pelas instituições estaduais, de acordo com o documento produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Tráfico de drogas aumenta na Amazônia e região vira o principal caminho para transporte de cocaína – Foto: Cristie Sicsú/ Agência Brasil

Os especialistas afirmam que o Norte do Brasil, principalmente os estados do Amazonas e Pará, viraram o principal caminho para cocaína produzida na Colômbia e no Peru para chegar na Europa. A chamada rota de Solimões oferece aos traficantes uma via fluvial, mais segura e eficaz, ainda carente de estrutura de fiscalização.

Além das rotas de fuga, a região também teve um aumento dos índices de violência e de investigações sobre outros crimes, como garimpo ilegal e lavagem de dinheiro na região, nos últimos 11 anos. Os especialistas afirmam que esse aumento são sinais de convergência de modalidades criminosas e de que o lucro do tráfico de drogas está financiando outras atividades ilegais e sendo lavado na própria região Norte.

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Em 2023, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) encaminhou 3.615 relatórios de inteligência financeira para autoridades dos estados que compõem a Amazônia Legal, formada por toda a região Norte, além de Mato Grosso e Maranhão. É mais do que o triplo de relatórios em relação ao que foi produzido em 2016, apontou outro estudo do Fórum, Cartografias de Violência na Amazônia.

Layla Silva

Layla Silva

Layla Silva é jornalista e mineira que vive no Rio de Janeiro. Experiência como podcaster, produtora de conteúdo e redação. Acredita no papel fundamental da mídia na desconstrução de estereótipos estruturais.

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