O chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos (EUA) a alguns países completou mais de um mês esta semana e, segundo especialistas, não surtiu o efeito esperado, mesmo com novas ameaças do presidente norte-americano, Donald Trump. De acordo com Presley Vasconcellos, a implantação de novas tarifas alfandegárias foi um quase “tiro no pé”.
“A realidade é que o tarifaço de Trump tem gerado mais problemas do que solução para os Estados Unidos. Inicialmente, foi um efeito majoritariamente negativo, mas com as mitigações reduziram o impacto macroeconômico. Ou seja, problemas dominam no imediato, mas nem tudo é catastrófico e há janelas para adaptação”, afirma o especialista.

Esta adaptação a que ele se refere é a lista de isenções, que abrangeu cerca de 45% da pauta exportadora, mitigou grande parte dos efeitos negativos. Em grande parte dos casos, como café e carnes, foram redirecionados a outros mercados. Ao todo, um total de 694 produtos ficaram de fora da Ordem Executiva assinada por Donald Trump.
“Países atingidos pela medida podem retaliar e impor suas próprias tarifas nas importações de produtos norte-americanos, o que pode aumentar tensões comerciais. Além disso, para os EUA pode haver impacto em cadeias de produção e preços domésticos de importados”, analisa o economista.
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Além das tarifas impostas pelo presidente norte-americano, o senador Lindsey Graham, propõe sanções de até 500% contra países que importam produtos russos, como é o caso do Brasil, e conta com o apoio bipartidário no Congresso dos Estados Unidos.
“Nesse caso, o Brasil corre sérios riscos, uma vez que, entre 2021 e 2024, o Brasil praticamente duplicou suas importações do país euroasiático, passando de US$ 6,2 bilhões para US$ 12,2 bilhões”, conclui Vasconcellos.