O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) completou 40 anos de fundação no dia 24 de janeiro. Durante o encontro da coordenação nacional do MST, o coordenador Jaime Amorim falou sobre a importância de fazer reforma agrária e redistribuir terras, e como isso gera emprego e produtividade para famílias despossuídas de terra e para o país.
Além disso, a questão da violência no campo foi abordada no evento que ocorreu em Guararema, São Paulo, e se encerrou no último sábado (27). “A reforma agrária é uma alternativa para enfrentar a pobreza. Se o governo quiser, a forma mais barata, mais fácil de garantir trabalho para as pessoas é a reforma agrária. Não existe nenhuma política mais barata de geração de trabalho e de emprego”, disse Jaime.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a agricultura familiar (pequenos agricultores) produz 70% dos alimentos que chegam a mesa dos brasileiros, principalmente os alimentos básicos como feijão, arroz, milho, leite, batata, mandioca.
Já os alimentos produzidos pela grande propriedade rural, exportou 239 milhões de toneladas de milho e soja entre 271 milhões de toneladas de alimentos exportados. E de acordo com pesquisa da Oxfam em 2019 mostrou que 1% dos proprietários de terras é dono de 45% de todas as terras agricultáveis do Brasil.
Para Jaime, a reforma agrária tem potencial de gerar ocupações e rendimentos que vão para além dos assentados.“Quando você assenta [concede terras] uma família, você não está criando um trabalho. Você está empregando ou dando trabalho para toda a família. Além de que nas safras e nos plantios, nas colheitas, utiliza sempre força de trabalho das pessoas que vivem ao redor”, disse.
Em sua fala, o coordenador cobrou o governo, pois segundo ele, ainda não existe um programa de reforma agrária do governo que determina a meta e a estruturação, além de ter pouca verba para a reforma agrária.
A diretora nacional, Ceres Hadich, denunciou a violência no campo. Ela também falou sobre a organização de grupos armados que combatem movimentos camponeses e populações indígenas.
“A gente precisa denunciar o que tem sido essa tentativa efetiva, não só uma tentativa, mas uma organização efetiva dessa milícia no campo brasileiro, que é esse movimento que eles têm denominado de Invasão Zero. Então isso é uma afronta contra a democracia, isso é uma afronta contra o direito legítimo da organização popular e da luta pela terra e das lutas populares no nosso país”, disse.
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