Inspirado em sua primeira infância, a atriz e diretora chama atenção para quebra de expectativas em relação ao audiovisual negro no Brasil
É muito comum que os filmes nacionais sejam exibidos nos festivais e mostras de cinema ou ainda, no exterior, antes de chegar ao público do Brasil. Deve ser por isso, que não tivemos tanto contato com o encantador “Rã”, curta que retrata a experiência e as vivências de uma família composta por mãe e duas filhas, e que experimentam carne de rã pela primeira vez. Também é o retrato da primeira infância da multifacetada Ana Flávia Cavalcanti, que assina, produz e protagoniza o filme.
O filme venceu como melhor curta na Mostra Competitiva do 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em 2019, e é uma das apostas para levar o urso de cristal no Festival de Berlim deste ano.
“Minha mãe tinha um esquema com um amigo que trabalhava em um supermercado próximo, e todos os laticínios que tinham o prazo de validade vencidos, eram descartados. Era a nossa chance de comer algumas coisas, mas e sempre vinham os mesmos itens. Um dia veio carne de rã, que era mais caro do que um salário mínimo na época. Era tanta carne e nós queríamos distribuir para toda a comunidade em volta”, conta a diretora.
Aos 36 anos, Ana Flávia está atualmente na novela “Amor de Mãe”, da Rede Globo, como a inspetora Miriam. A atriz já esteve em outros seis filmes nacionais, além da novela Malhação, também da Globo, e em “Sob Pressão”, da Globo Play.
A atriz e diretora conta que o filme rompe com a negatividade lançada sobre a vidas negras. “É um filme de amor. É uma quebra de expectativa da branquitude, que ao ver um enredo como esse, acha que tudo vai dar errado. Mas na verdade, a vida das pessoas pobres é comum, em que pese todas as negatividades. Estamos falando de partilha, comunhão e alegria em espaços onde as pessoas só observam as dores”, destaca Ana Flávia. O filme ainda não tem programação de estreia no Brasil.