O Rio de Janeiro sedia a primeira edição do Web Summit, encontro de empreendedorismo e tecnologia, na América Latina, tendo a presença de 20.000 espectadores, segundo a organização do encontro. Em sua primeira noite, houve debates sobre luta antirracista, inteligência artificial e futuro dos negócios na presença de mais de 100 países.
Luta antirracista
A cofundadora do movimento Black Lives Matter, Ayo Tometi, marcou presença no evento e falou sobre a luta anti-racista e as mudanças significativas na sociedade.
Criada em 2013, a organização BLM surgiu como um grito contra a violência policial e o racismo sofrido pelas pessoas negras. Em 2020, após o assassinato de George Floyd pela polícia de Minneapolis, no Minessota, o movimento ganhou repercussão e conhecimento mundial, o que foi muito importante para a causa.
“A verdade é que levantamos um nível profundo de consciência. Há uma nova consciência que tomou conta do globo e em toda parte e em diferentes instituições, as pessoas estão fazendo mudanças diferentes, desde o nível da política até diferentes práticas de contratação. Não se trata apenas do capítulo criminal, mas também de saúde, educação e justiça de gênero”, disse a executiva, em talk show mediado pela jornalista Maju Coutinho.
Ayo ainda comentou sobre o tema do momento, a inteligência artificial, e a relação com o racismo. A ativista investe em projetos de AI e é uma entusiasta das tecnologias mas acredita que é necessário estar atento em seu uso. “Acho que AI é muito importante e é o futuro. No entanto, sabemos que existem ferramentas e tecnologias que estão sendo desenvolvidas agora que não estão usando as melhores práticas”, diz.
“As tecnologias não são neutras, segundo a executiva, e é preciso que as empresas se atentem aos resultados para saber se estão criando projetos racionais ou não.”
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Futuro dos Povos Originários
A indígena e ativista amazônica Txai Suruí entrou no palco do Web Summit Rio com um cântico de acolhimento e um convite para que as pessoas “reflorestem” suas mentes e sonhos. “Unindo o conhecimento ancestral e tecnologia, nós podemos proteger a floresta e o nosso clima para que tenhamos um futuro”, declarou.
Suruí ainda lembrou que apenas cinco por cento da população mundial é indígena, um grupo pequeno, mas que é responsável por preservar 80% da biodiversidade, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), sendo fundamental a colaboração entre indígenas e não indígenas para a manutenção das terras.