No Rio, 8 em cada 10 pessoas negras LGBTQIA+ sofrem agressões na internet

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Uma pesquisa realizada pelo Data_Labe revela que oito a cada dez pessoas negras e LGBTQIA+ já foram vítimas de discurso de ódio. O estudo avaliou o ecossistema de informação em que essas pessoas estavam inseridas, nas redes e fora delas, antes e depois da disputa eleitoral de 2022.

Entre as que responderam o questionário, 67% relataram já terem sido vítimas de discurso de ódio, sendo 15% no ambiente on-line, 7% apenas de forma presencial e 45% das duas formas. O estudo sugere que a vulnerabilidade econômica desta população pode favorecer sua exposição às violências na vida online. Quase 75% das pessoas entrevistadas disseram que utilizam a internet para se comunicar e obter informações.

Em entrevista à Agência Brasil, o antropólogo e coordenador do trabalho, Flávio Rocha, explica que a exposição ao discurso de ódio afeta a saúde mental, causa medo e faz com que essas pessoas temam inclusive exercer sua cidadania.

LGBTQIA+
Pesquisa foi feita no Rio de Janeiro antes e depois das eleições. Foto: Reprodução/Redes Sociais

“Uma das narrativas mais emblemáticas era de uma pessoa que, durante o período eleitoral, disse que tinha medo de ir votar”, conta. ” Muita gente precisa recorrer a terapia, se desligar das redes sociais e acaba tendo medo de sair na rua. A gente recebeu muitos relatos sobre esse medo, sobre esse impacto na saúde mental e no emocional. Isso foi bem relevante na nossa percepção”, diz o coordenador.

A equipe responsável pelo estudo contou com quatro pesquisadores e pesquisadoras negros e LGBTQIA+, o que Rocha considera que permitiu maior empatia e sensibilidade ao abordar os temas e elaborar as perguntas. Além do antropólogo, participaram a psicanalista clínica Roberta Ribeiro, a graduanda em Conservação e Restauração Joyce Reis e o doutorando em Saúde Coletiva e especialista em Gênero e Sexualidade Leonardo Peçanha.

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Os pesquisadores aplicaram questionários e realizaram grupos focais e entrevistas individuais com pessoas do público-alvo e chegaram a um total de 175 participantes. Os dados estatísticos, portanto, não podem ser extrapolados para toda a população LGBTQIA+ negra, mas as respostas e relatos colhidos na pesquisa qualitativa indicam como os entrevistados percebem e se apropriam das informações disponíveis em seus círculos.

A maioria dos entrevistados é mulher, cisgênera e da zona norte e oeste do Rio. Quase metade (45%) dos respondentes afirmou receber até R$1.212,00 por mês. Para uma em cada quatro pessoas, as violências racial ou de gênero ocorrem de forma recorrente.

Mariane Del Rei

Mariane Del Rei

Jornalista e escritora, é ganhadora do Prêmio Rede Globo de Jornalismo e tem três livros publicados. Já passou por empresas como TV Globo, TV Brasil, International Committee of Red Cross, FSB Comunicação. Escreve sobre negritude, política internacional, direitos humanos, comunidade LGBTQIA+, meio ambiente e mulheres.

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