Eunice Oliveira, 30 anos, denunciou que foi agredida física e verbalmente durante o seu horário de almoço por um antigo funcionário da empresa em que trabalhava. O caso aconteceu no Rio de Janeiro, no último dia 10.
“O homem segurou meu braço e falou que queria que a escravidão voltasse, assim não teria conversa, que eu teria que fazer sexo com ele, enquanto fingia estar me chicoteando”, Eunice relatou em entrevista para a revista Marie Clarie. “Quando me agrediu, disse que não queria ouvir isso. Ele falava como se fosse ‘brincadeira’, como se fosse normal”.
Após a agressão, Eunice tentou trabalhar, mas o estrago já havia sido feito: “Me bateu um desespero e uma vontade de chorar imensa”.
Eunice ainda conta que buscou ajuda de seus superiores, porém não foi devidamente aparada e ainda sugeriram que ela fosse falar com o agressor, o que Eunice recusou por medo e relutância.
“Não queria que me visse nessa situação, não sabia como seria minha reação ao vê-lo. Então, os chefes foram conversar com o funcionário. O que ficou resolvido é que ele, quando me encontrasse pela empresa, pediria desculpas. E só” conta.
A situação se agravou a ponto da jovem precisar procurar ajuda médica, pois não conseguia dormir ou trabalhar normalmente.
“Procurei uma psicóloga que me disse que estava com estresse pós-traumático e me encaminhou uma psiquiatra, que receitou remédios para que eu conseguisse dormir, além de um atestado que me deixou cinco dias longe do trabalho*”.
De volta ao escritório, uma postura infelizmente comum: “Achei que podia confiar no meu chefe direito, até que descobri que ele me xingou e me chamou de chata. Nunca esperei passar por isso, era uma pessoa que confiava. Até o momento, não tive apoio da Empresa. O RH só entrou em contato comigo por causa do atestado, não tive amparo algum deles”.
E dessa forma, Eunice entrou com um processo contra o funcionário que a agrediu, na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância e também contra ao seu superior.
Em nota, a Empresa* afirmou que o funcionário em questão foi afastado da empresa e que não compactuam com o racismo.
Confira:
“Nós, da Empresa* repudiamos de forma veemente o racismo bem como qualquer ato de razão discriminatória, seja com base em gênero, raça, credo ou qualquer outra natureza, tendo desligado o funcionário em questão assim que tomamos conhecimento do caso. Outras medidas com relação a este caso estão em andamento. Nos orgulhamos de ser uma companhia multicultural”.
“Desde que tomou conhecimento sobre o fato, a Empresa* esteve à frente para tentar acolher e prestar todo apoio necessário à colaboradora e, para isso, em diversas vezes a convidou para abrir um diálogo após o ocorrido. Infelizmente, ela optou por não conversar com nossa equipe de Recursos Humanos. A empresa segue respeitando o seu momento e está à disposição a qualquer tempo para apoiá-la”.
*ocultamos o nome da Empresa por questões de privacidade”.