Mocidade: Padre Miguel aposta na força da obra de Mestre Vitalino

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Terceira escola a desfilar no domingo (19), a Mocidade vai virar o mundo de ponta-cabeça para apresentar o enredo “Terra do meu céu, estrelas do meu chão”, do carnavalesco Marcus Ferreira, que estreia em voo solo no Grupo Especial, na sua escola do coração.

Marcus dividiu com Tarcísio Zanon o campeonato de 2020, na Unidos do Viradouro. A escola vai elevar as obras de barro ao brilho de sua estrela. Sob os cuidados do intérprete Nino do Milênio, a história fará uma viagem pelo sertão para contar a história de Vitalino, em suas muitas facetas como artista e músico, além de mostrar seus discípulos.

A Mocidade entra na avenida neste domingo – Foto: Divulgação

Marcus Ferreira será o guia do povo em meio à ‘procissão’ na Sapucaí. Giovana Angélica, como Rainha de Bateria, segue liderando o desfile neste ano pela Verde e Branco. Nascida em Padre Miguel, a jovem sempre frequentou a quadra da escola e foi musa pela agremiação por dois anos, antes do posto de rainha. 

Admirador de temas que destacam a brasilidade mas pouco explorados no carnaval do Rio, Marcus vai fazer do desfile da Mocidade o lugar de fala dos artistas do Alto do Moura, que, com resiliência, criatividade e amor ao próprio chão, transformaram o vilarejo no maior centro de arte figurativa das Américas.

“O valor que eles dão ao chão, ao barro que transformam em arte, é emocionante. É daquele solo árido do sertão pernambucano que todos tiram o seu sustento. É impressionante o legado deixado por Mestre Vitalino. Eles não são artesãos, são artistas porque cada peça é única”, explica o carnavalesco, que tinha esse enredo na cabeça há seis anos.

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Dono de seis conquistas (1979, 1985, 1990, 1991, 1996, 2017), o “Maracanã do samba”, como a Mocidade é conhecida, ocupa o posto de sétimo maior vencedor do Carnaval das Campeãs do Rio de Janeiro. Pelo grupo especial, a escola foi vitoriosa nos seguintes anos: 1979, 1985, 1990, 1991, 1996, 2017. Já no Grupo 2 da Série A, a escola venceu em 1958.

Samba-Enredo Mocidade 2023

Senhor, que fez da arte mundaréu

Em suas mãos padre miguel

Concebeu a criação

“Plantou” sua missão

Fez do sertão, barro tauá

Jardim no agreste floresceu

Regado ao firmamento de meu deus

A lida pra viver, da lama renascer

Marias e josés no céu que moram pés, raiz!

Fiel retrato desse meu país

Segue o carro de boi

O peão no barreiro

Ó rainha bonita

Sou teu rei, cangaceiro

É a vida um xadrez

Pra honrar o legado

Quem foi que fez? Foi deus do barro

Molha pedro minha terra

Chão de estrelas de joão

Traz antônio minha amada

Padim cícero romão

Alumia o teu povo em procissão

Chega folia, chega cavalo marinho

Lindas flores no caminho

O nordeste coloriu

E “de repente” essa gente independente

Faz da greda seu batente

Molda um pouco de brasil

Amassa, deixa arder o massapé

Lá no meu alto do moura

Um pedacinho de fé

A massa, força de mandacaru

Lá no meu alto do moura

Fiz brilhar caruaru

Ê, meu cardeá

Sou a chama do braseiro

Nordestino, “retirante da saudade”

Mais um filho desse solo pioneiro

Um artista esculpindo a mocidade

Ficha técnica

Fundação: 10/11/1955

Cores: Verde e Branco

Presidente: Flávio da Silva Santos

Carnavalesco: Marcus Ferreira

Diretor de Carnaval: Marquinho Marino

Intérprete: Nino do Milênio

Mestre de Bateria: Dudu

Rainha de Bateria: Giovana Angélica

Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Diogo Jesus e Bruna Santos

Comissão de Frente: Paulo Pinna

Jerson Pita

Jerson Pita

Jornalista, marqueteiro, pesquisador e periférico. Cria de Duque de Caxias, escreve sobre entretenimento, sociedade e esportes. No mestrado, pesquisa a autoridade jornalística e a migração da mídia tradicional para o Youtube.

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