“Esse sonho não é só meu, é da família, mulheres e ancestrais” diz Deusa do Ébano 2023

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Dalila Oliveira, foi coroada como a Deusa do Ébano 2023 do Ilê Aiyê - Foto: Bruna Rocha

Após um hiato de três anos sem a Noite da Beleza Negra, o Ilê se reafirmou como o mais belo dos belos. Em uma noite regada de ancestralidade, força e axé, aos 20 anos de idade e participando do concurso pela primeira vez, Dalila Oliveira, foi coroada como a Deusa do Ébano 2023 do Ilê Aiyê. 

Já as princesas do bloco são Carol Xavier e Larissa Valéria. A Avon, patrocinadora oficial do evento pelo terceiro ano consecutivo, realizou a entrega da premiação da segunda colocada e princesa, Carol Xavier. O troféu foi entregue por Janaína Gomes, Gerente de Reputação e Comunicação Corporativa da Avon e da Natura no Brasil, além de líder da célula de equidade étnico-racial na Rede pela Diversidade da Avon Brasil.

Como patrocinadora da 42ª Noite da Beleza Negra, a Avon exalta a #ExcelênciaPreta, movimento ancorado na descoberta e valorização da maestria da negritude em suas mais diversas habilidades. A marca disponibilizou um time especial de maquiadores que são talentos negros para preparação das candidatas. Eles utilizaram o vasto portfólio de produtos da marca voltados para a pele negra, com destaque para os batons da linha Ultra Color. Além disso, as 15 representantes da ultrabeleza negra da Bahia foram presenteadas com a famosa maleta da marca repleta de itens de maquiagem .

Dalila Oliveira, foi coroada como a Deusa do Ébano 2023 do Ilê Aiyê. – Foto: Bruna Rocha

Nascida e criada no bairro de Pernambués, em Salvador, Dalila sempre teve o desejo e o objetivo de se inscrever no concurso da Deusa do Ébano do Ilê Aiyê, mas devido a pandemia não foi possível. “Essa trajetória me aguardava fazia algum tempo e hoje estou muito feliz de está concretizando esse sonho que não é só meu, é das minhas colaboradoras, família, mulheres e ancestrais”.

A coroa e o manto foram passados para Dalila pelas mãos de Gleicy Ellen Teixeira, última vencedora do concurso.

Passagem do manto da Deusa do Ébano 2020 para a vencedora do concurso Foto: Bruna Rocha

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Dalila, ficou anestesiada e sem palavras para descrever os acontecimentos, segundo ela, o seu reinado mostrará a sua essência, força e axé, muito mais do que foi exibido durante a noite da coroação. Ao comparar a Dalila antes e depois do resultado, a Deusa do Ébano 2023, fala sobre a experiência transformadora desde da pré-seleção até a 42° Noite da Beleza Negra do Ilê Aiyê. 

“Eu tinha esse sonho de ser a Deusa do Ébano, mas não achei que seria dessa forma. Gravação, aula e agenda bem corrida, concretizou comigo aqui, com esse título. Estou muito feliz e pretendo levar essa jornada com muito carinho, amor e força por todas nós. Ver as minhas meninas dentro de casa torcendo e vibrando é muito emocionante, eu tenho certeza que vão seguir o mesmo caminho. O poder e axé que passei está nas mãos de cada uma” finalizou a dançarina e coreógrafa, vencedora do concurso

Deusa e Princesas do Ébano do Ilê 2023, sendo da esquerda para direita, Carol Xavier (2°lugar/Princesa), Dalila Oliveira (1°lugar/Deusa) e Larissa Valéria (3°lugar/Princesa) – Foto: Bruna Rocha

Tradição no pré-carnaval soteropolitano

Como a tradição estabelece, o evento aconteceu na Senzala do Barro Preto, localizada no bairro do Curuzu, em Salvador, no último sábado (28). Com casa lotada de famílias, turistas e convidados, muitos estão ali para manter a tradição criada na geração anterior à sua. Este é o caso da bióloga Rosana Gonçalves, que completa 19 anos ao lado do Ilê. 

Minha relação com o Ilê foi amor à primeira vista, foi aquele arrepio, a coisa da ancestralidade que pega a gente. Falei logo: aqui é meu lugar, aqui me encontrei. E de lá para cá não me separei mais. Esse grupo é um baluarte, um símbolo de resistência e ampliador do antirracismo. É muito além do estético, é um resgate da história de África, Bahia e também pela dança, como uma arma de empoderamento.”, conta Rosana. 

Rosana Gonçalves, formada em biologia, mantém a sua tradição e já é sua 19° edição presente no concurso – Foto: Bruna Rocha

Minha relação com o Ilê foi amor à primeira vista, foi aquele arrepio, a coisa da ancestralidade que pega a gente. Falei logo: aqui é meu lugar, aqui me encontrei. E de lá para cá não me separei mais. Esse grupo é um baluarte, um símbolo de resistência e ampliador do antirracismo. É muito além do estético, é um resgate da história de África, Bahia e também pela dança, como uma arma de empoderamento”, conta Rosana. 

Já Vilma, baiana de acarajé, de 57 anos, começou sua ligação com a Ilê Aiyê no bloco, como foliã, e agora trabalha no evento junto a sua filha. Para ela, a importância do concurso é o resgate do ser negro através da caracterização e dança.

“Saio no bloco do Ilê desde 83 como foliã, o grupo é um movimento que conscientiza o negro que ele é negro, buscando novos horizantes atraves do cotidiano.”, relata a soteropolitana ao lado da sua filha.

O Ilê Aiyê é considerado o primeiro bloco afro do Brasil. Movimento criado no ano de 1974, no bairro da Liberdade, em Salvador, firma-se como polo de protesto contra o racismo, difundindo um sistema positivo de representação do negro e enaltecendo as raízes africanas da cultura nacional.

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