Um levantamento realizado pela Tendência Consultoria, e publicado nesta segunda-feira (6), mostra que o percentual de pessoas vivendo com um salário mínimo no Brasil cresce exponencialmente nos últimos anos. Atualmente, o salário mínimo vigente no país é de R$ 1.212,00.
Entre os anos de 2015 e 2022, esse percentual subiu de 27,6% para 38,22%. Em números absolutos, corresponde a mais de 81 milhões de brasileiros, levando em consideração a estimativa populacional brasileira do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), que está em torno de 214 milhões de pessoas.
Para Lucas Assis, economista responsável pela pesquisa, encomendada pelo O Globo, quadro é grave. “O mercado de trabalho já tinha sofrido muito com a recessão do biênio 2015-2016, especialmente com a pressão da taxa de desemprego, que ultrapassou no período a barreira dos 12%”, analisa. Assis ressalta ainda que 76% dos postos de trabalho gerados entre 2017 e 2022 são informais e com salários achatados. “Na pandemia, a gente observou que todo o cenário econômico e sanitário contribuiu para a queda de massa de renda, especialmente na população de menor escolaridade. Desde o fim de 2020, houve recuperação do contingente de ocupados, mas a renda média permaneceu bastante fragilizada e permanece abaixo do que havia antes da pandemia”, comenta.
Governo Bolsonaro
A pesquisa mostra também que, apenas no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) esse número cresceu 8,2 pontos percentuais, chegando a mais de 36 milhões de pessoas que recebem o piso salarial brasileiro. Esses números correspondem tanto para o emprego com carteira assinada como para os informais. “As crises econômicas e a redução do produto acabam fazendo com que o empregador pense duas vezes antes de contratar e, quando contratam, sabe que não é o ideal, mas opta pelo mais barato, o informal, que não tem segurança e carece de assistência”, afirma a professora do Insper, Juliana Inhasz.
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Renda média em queda
Segundo dados do Pnad, em 2015 a renda média do brasileiro era de R$ 2.764, corrigido pela inflação. Já em 2020, com o pagamento do auxílio emergencial, a renda chegou a R$ 2.967, mas atualmente, de acordo com a Pnad, está em queda, chegando a R$ 2.569 em média. “Com o mercado ocioso, em crise, o poder de barganha do trabalhador diminui. E tem casos de pessoas que aceitam trabalhos com qualificação menor, o que vale para o formal. Tem exemplos mais extremos, como o cara que faz doutorado e trabalha como Uber, mas também tem o trabalhador CLT que foi demitido e volta para outra empresa ganhando menos”, pontua Bruno Imaizumi, da LCA Consultores
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