A ex-BBB Gyselle Soares, escalada para interpretar a escravizada Esperança Garcia, reconhecida como primeira advogada do Piauí, na peça “Uma escrava chamada Esperança”, disse em entrevista ao portal Splash, nesta quarta (10), que artistas não tem cor.
Gyselle, que não é lida como uma mulher negra, disse não ter intenção de ofender ninguém com sua personagem no espetáculo. Esperança se tornou conhecida ao escrever uma petição para o governador da capitania do Piauí em 1770, denunciando os abusos que sofria de seus senhores, incluindo agressões sem motivo e a separação dos filhos pequenos, direitos que eram garantidos aos escravizados.
“Eu entendo a polêmica, mas a peça não fala de cores. Fala de inclusão, de todos nos amarmos, nos respeitarmos. Entendo perfeitamente essas críticas, não quero ferir ninguém. Me fizeram repensar. Se eu vejo que não é bacana, não seguirei”, diz Gyselle. A peça não voltou a ser reapresentada desde o último mês.
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A atriz disse ainda se considerar negra: “A crítica é sempre bem vinda. É claro que quando fazemos um personagem, a gente não tem cor. Eu me considero negra. Mas não posso desrespeitar as opiniões de todos. Não passei por certos momentos e dificuldades que tantos passam”, declara.
As críticas feitas através das redes sociais não são diretamente à atriz, mas sim ao fato de a escolha de Gyselle para interpretar Esperança representar um embranquecimento de uma pessoa negra.
Gyselle viveu na Suíça e na França no início dos anos 2000, voltou ao Brasil quando participou do “BBB” em 2008, e depois acabou voltando à Europa, segundo ela, pela falta de oportunidades por aqui.
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