O ex-atacante José Reinaldo Lima, ídolo do Atlético Mineiro e da Seleção Brasileira, recebeu o reconhecimento oficial como perseguido político da ditadura militar. A Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania aprovou por unanimidade, nesta terça-feira (2), o seu perdão político e uma indenização única de R$ 100 mil.
Visivelmente emocionado durante a sessão, Reinaldo detalhou em seu pronunciamento os efeitos da perseguição em sua carreira. “Durante os anos da ditadura, muita gente sofreu perseguição de várias formas… Mas a verdade é que a repressão do Estado foi muito além dos porões e das celas”, afirmou o ex-jogador, chorando. Ele foi alvo de constante vigilância do Serviço Nacional de Informações (SNI) e de pressões de generais que atuavam no governo e na antiga Confederação Brasileira de Desportos (CBD).
Um dos pontos centrais da perseguição, segundo seu relato, foi sua postura política manifestada em campo. Reinaldo era conhecido por levantar o punho cerrado ao marcar gols, gesto identificado com a luta por direitos civis e visto com hostilidade pelos militares. “O objetivo era claro: destruir a minha reputação, me associando a coisas ruins e a comportamentos desviantes e a ideias perigosas”, disse sobre a campanha de difamação que sofreu.

O ex-atleta vinculou essa perseguição diretamente à interrupção de sua trajetória na seleção principal. “Talvez, a prova mais evidente seja a não convocação para a Copa de 1982”, comentou, acrescentando que as justificativas técnicas do então técnico Telê Santana mascaravam o motivo real: restrições políticas ao seu “suposto comportamento fora de campo”.
Reinaldo também denunciou a existência de uma máquina estatal de difamação. “Existia sim uma central de boatos oficial, uma verdadeira máquina de propaganda e mentiras que agia nas sombras… Usavam telefonemas, cartas anônimas e até plantavam notícias falsas em jornais e revistas”, declarou. A decisão da Comissão representa a reparação formal por esses anos de censura e violação de direitos.
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