“Hoje em dia todo mundo é vítima e o policial é tratado como vilão”, diz secretário da Polícia Civil sobre chacina na Penha

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 Felipe Curi, secretário da Polícia Civil do Rio . Foto: Reprodução TV Globo

O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, afirmou nesta quarta-feira (29) que “hoje em dia todo mundo é vítima e o policial está sendo tratado como vilão”, ao comentar as críticas à Operação Contenção, ação que deixou 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, incluindo quatro policiais. A declaração foi feita durante coletiva de imprensa das forças de segurança do estado, que classificaram a ofensiva como “o maior golpe contra o Comando Vermelho desde sua fundação”.

Curi defendeu a atuação das polícias e afirmou que “o policial é o herói. A reação da polícia depende da ação do criminoso”. O secretário também disse que vai investigar por fraude processual os responsáveis pela remoção dos corpos feita por moradores da região. Segundo ele, há indícios de que “os mortos estavam equipados com roupas camufladas e coletes, mas foram despidos antes de serem levados para as ruas”.

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 Felipe Curi, secretário da Polícia Civil do Rio . Foto: Reprodução TV Globo

Mais de 70 corpos foram retirados por moradores da mata e levados até uma praça, sem a presença da polícia. O secretário não explicou por que as forças de segurança não fizeram a remoção diretamente. Com os novos corpos encontrados, o número de mortos chegou a 121, tornando a operação a mais letal da história do país, superando o massacre do Carandiru (1992), que deixou 111 vítimas.

Os números oficiais incluem 113 presos, sendo 33 de outros estados, 10 menores apreendidos e a apreensão de 91 fuzis, 26 pistolas e um revólver. A quantidade de drogas e munições ainda está sendo contabilizada.

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O governador Cláudio Castro classificou a operação como um “sucesso” e afirmou que “as únicas vítimas são os quatro policiais mortos”, ignorando as dezenas de corpos encontrados por moradores.

Já o secretário da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, explicou que a estratégia adotada foi chamada de “Muro do Bope”, um cerco que empurrou os criminosos em direção à mata, onde foram alvejados.

A Operação Contenção reacende o debate sobre letalidade policial e violação de direitos humanos no Rio de Janeiro, levantando questionamentos sobre transparência, proporcionalidade e respeito às normas da ADPF das Favelas, que impõe limites às ações policiais em comunidades.

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