O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, negou nesta terça-feira (28) ter recebido qualquer pedido do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), sobre a megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou 64 mortos e 81 presos, o maior saldo letal da história do estado.
“Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro, nem ontem, nem hoje, absolutamente nada”, afirmou o ministro durante cerimônia na Assembleia Legislativa do Ceará. Lewandowski reforçou que a responsabilidade constitucional pela segurança pública é estadual, e que o governo federal tem atuado dentro dos limites legais.

A declaração foi uma resposta direta às críticas de Castro, que acusou o governo Lula de “deixar o Rio sozinho na guerra contra o tráfico internacional de armas e drogas”. Em nota, o Ministério da Justiça rebateu as falas do governador, lembrando que todos os pedidos oficiais, como o envio de criminosos a presídios federais de segurança máxima, foram prontamente atendidos.
“Nenhum pedido do Rio foi negado. A Polícia Federal e as forças federais atuam dentro de suas competências constitucionais. Elas não são forças auxiliares das polícias estaduais”, disse Lewandowski.
A troca pública de declarações ocorre em meio à repercussão da Operação Contenção, que mobilizou 2,5 mil policiais e blindados para enfrentar o Comando Vermelho na Zona Norte. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ), a gestão de Cláudio Castro já concentra as operações mais letais da história do Rio, superando episódios como Jacarezinho (2021, 28 mortos) e Vila Cruzeiro (2022, 25 mortos).
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Organizações de direitos humanos apontam que a política de segurança do governo estadual tem descumprido diretrizes da “ADPF das Favelas”, decisão do Supremo Tribunal Federal que impõe regras para operações em comunidades e exige comunicação prévia ao Ministério Público.
Enquanto o governo federal pede integração entre as forças de segurança, Castro insiste em operações de confronto. A ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, afirmou que o episódio “revela a urgência da PEC da Segurança Pública”, que pretende ampliar a coordenação nacional.
A crise expõe, mais uma vez, a falta de articulação entre os governos e o custo humano de uma política baseada na força, que segue cobrando seu preço nas periferias do Rio.








