O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor dos Santos, afirmou nesta terça-feira (28) que “a população já não aguenta mais esse prende e solta”, em referência ao ciclo de prisões e liberações de criminosos no estado. A declaração foi feita durante entrevista ao Bom Dia Rio, da TV Globo, enquanto o secretário comentava sobre o que a polícia chama de megaoperação contra o Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte. A rotina dos moradores dos conjuntos de favelas, formados por 26 comunidades, foi diretamente impactada e eles usam as redes sociais para relatar intensos tiroteios.
De acordo com Santos, a média de reincidência de criminosos na cidade é alta. “Na Zona Sul, por exemplo, há casos de policiais que prendem o mesmo criminoso até 15 vezes. Hoje, um traficante preso com fuzil não fica mais do que um ano e três meses detido. Precisamos cobrar do Legislativo leis mais duras para que esses criminosos permaneçam presos por mais tempo”, afirmou.

Por causa da operação, 46 unidades de educação municipais foram fechadas, 29 delas ficam no Alemão e outras 17, no Complexo da Penha. Cinco unidades de Atenção Primária que atendem a região da Penha e do Complexo do Alemão suspenderam o início do funcionamento, informou a Secretaria municipal de Saúde.
Cerca de 2.500 policiais participam da operação, que conta com 32 veículos blindados. O secretário revelou que o governo estadual havia solicitado apoio de blindados das Forças Armadas, mas o pedido foi negado pela União. “Toda a logística é do próprio estado. Tentamos conseguir apoio, mas infelizmente foi negado”, disse.
Santos também destacou que o tráfico de drogas e o domínio de facções em comunidades representam um desafio de grandes proporções: “Hoje temos cerca de nove milhões de metros quadrados de desordem no estado. Só do Pará vieram 30 mandados de prisão. Vivemos um estado de guerra.”
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O secretário afirmou que a escalada da violência no Rio é consequência de “décadas de inação dos três níveis de governo” e defendeu uma ação conjunta entre município, estado e União. “A ocupação com polícia sozinha não resolve. Temos quase 1.900 favelas e um efetivo de 53 mil homens. Seriam apenas sete policiais por comunidade. É preciso uma política integrada”, declarou.
Santos ainda mencionou que o estado já apreendeu mais de 600 fuzis em 2025, número que deve superar o recorde do ano anterior. Segundo ele, o desafio é conter o poder das facções e recuperar o controle de territórios dominados por grupos armados.









