“O brasileiro é obcecado por ricos por crença ilusória na mobilidade social”, diz antropólogo Michel Alcoforado
“O brasileiro é obcecado por ricos por crença ilusória na mobilidade social”, diz antropólogo Michel Alcoforado
Michel Alcoforado - Foto: Reprodução Instagram
O antropólogo Michel Alcoforado, autor do livro Coisa de Rico: a vida dos endinheirados brasileiros (Editora Todavia), afirma que o fascínio nacional pelos milionários revela uma “crença ilusória na mobilidade social”. Após 15 anos de pesquisa imersiva entre os 0,01% mais ricos do país, o autor diz que o comportamento das elites ajuda a compreender por que o Brasil continua um dos países mais desiguais do mundo.
“Aqui a gente gosta de rico. Gostamos de saber dos ricos porque, de algum modo, todo mundo imagina que em algum momento ficará rico”, explica Alcoforado em entrevista a BBC. “Essa é uma crença ilusória sobre o processo de mobilidade da sociedade brasileira.”
Michel Alcoforado – Foto: Reprodução: Instagram
Doutor em Antropologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e fundador da consultoria Consumoteca, Alcoforado ficou conhecido como o “antropólogo do luxo”. Em sua análise, o mito da ascensão individual sustenta a desigualdade e impede que o país enfrente a concentração de renda com realismo.
“O brasileiro acredita que basta esforço e fé para mudar de vida. Mas a estrutura social é rígida e se mantém há séculos”, afirma. “A elite trabalha ativamente para preservar essa distância. O que muda são os códigos, não as posições.”
Segundo o autor, a elite brasileira associa riqueza à conquista pessoal, naturalizando a própria posição de poder.
“A ideia de conquista é central. Ela faz parecer que o lugar ocupado pelos ricos é fruto de mérito, e não de herança ou privilégios acumulados. Isso mascara a desigualdade.”
Ao investigar o comportamento da elite, Alcoforado concluiu que o consumo e o corpo tornaram-se ferramentas de distinção social. “O carro e a bolsa importada já não bastam. Agora a disputa é por experiências exclusivas, viagens transformadoras e corpos de alta performance.”
O antropólogo também relaciona o culto ao luxo à ansiedade coletiva: “Enquanto os ricos buscam paz, silêncio e tempo, as massas estão enlouquecidas, tentando sobreviver e com medo do amanhã”, diz.
Para Alcoforado, compreender o universo dos ricos é essencial para entender o país.
“As desigualdades não são produzidas só pelos pobres que sofrem com elas, mas também pelos ricos que as mantêm. É olhando para o topo que entendemos por que o Brasil muda tão pouco.”
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