Ex-miss é acusada de explorar trabalhadores em condições análogas à escravidão

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Uma operação realizada em 15 de setembro resgatou 20 pessoas em situação de trabalho análogo à escravidão em uma fazenda no município de Nova Maringá (MT). Entre os trabalhadores, estava um adolescente de 17 anos. O grupo havia sido contratado pela T.F. Zimpel, empresa do setor madeireiro atualmente registrada em nome da empresária Taiany Franca Zimpel, que também ganhou notoriedade ao vencer o concurso Miss Mato Grosso em 2016 e, oito anos depois, ser coroada Miss Mato Grosso Internacional. Dado em primeira mão pelo Brasil de Fato.

As equipes do Ministério Público do Trabalho (MPT), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), da Defensoria Pública da União (DPU) e da Polícia Federal encontraram alojamentos improvisados, sem água potável ou banheiros. Parte das vítimas dormia sobre colchões sujos apoiados em tábuas e toras dentro de um barraco de lona e madeira. O restante ficava em outro espaço precário, onde redes estavam armadas ao lado de tambores de óleo e combustível.

“Além disso, os empregadores não disponibilizavam equipamentos de proteção individual e coletiva para a execução dos serviços. Houve, ainda, relatos de intimidação por pessoas armadas e restrição da liberdade de locomoção”, informou o MPT-MT.

Entre os trabalhadores, estava um adolescente de 17 anos. Este não é o primeiro envolvimento da empresa em acusações deste tipo – Foto: Ministério do Trabalho/Divulgação.

A Justiça concluiu que tanto a empresa quanto os donos da propriedade rural se beneficiaram diretamente da exploração. Como resultado, foi determinada multa de R$ 1 milhão por dano moral coletivo, a ser revertida ao Projeto Ação Integrada – Mato Grosso. Também foi firmado um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que obriga os envolvidos a corrigirem as irregularidades, sob risco de novas penalidades. Além disso, terão de quitar R$ 418 mil em salários e rescisões devidas.

Esse não é o primeiro episódio envolvendo a família Zimpel e trabalhadores. Em 2024, uma ação trabalhista já havia sido movida contra Elton Renato Hollenbach Zimpel, pai de Taiany, acusado de impor condições precárias de alojamento e não pagar direitos básicos a um funcionário. Documentos mostram ainda que, em 2004, ele foi alvo de fiscalização do MTE que libertou 13 trabalhadores em Nova Ubiratã (MT). À época, foi condenado a pagar indenizações e, nos anos seguintes, recebeu autuações do Ibama por desmatamento em áreas de preservação após ter adquirido maquinário com financiamento público.

Nas redes sociais, Taiany vinha divulgando atividades ligadas ao ramo madeireiro, como a venda de lenha nativa e anúncios de transporte de madeira.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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