Idealizador de iniciativas que valorizam a cultura preta — como o Pretonomia e o Festival Gastronomia Preta —, o professor Breno Cruz, o Preto Gourmet, integrou a delegação brasileira no Salão Internacional de Turismo e Lazer de Abidjan (Sitla), na Costa do Marfim, que terminou neste domingo (21).
Convidado pelo escritório de turismo do país no Brasil, ele apresentou palestras sobre negócios sociais na gastronomia e cozinhou ao lado da renomada chef Zenaib Bancé, reproduzindo um prato típico brasileiro: arroz, feijão, bife acebolado e ovo frito.

“Poder aproximar as nossas culturas é muito importante. Aqui na Costa do Marfim percebo de forma muito clara como a influência africana na cultura brasileira — e especialmente na gastronomia — é forte. Muitos pratos que fazem parte do nosso dia a dia também estão presentes aqui, ainda que com outros nomes e variações”, destacou o pesquisador.
Com trajetória marcada pelo empreendedorismo social, Preto Gourmet se consolidou como uma das principais vozes do afroturismo e da valorização da cultura preta na gastronomia. Criado pelo pesquisador, o Festival Gastronomia Preta, que este ano será realizado entre os dias 7 e 9 de novembro, no Centro do Rio, ganhou projeção nacional e integra o primeiro Guia do Afroturismo Brasileiro, lançado em julho pelos ministérios do Turismo e da Igualdade Racial.
O evento também é finalista do prêmio Marca do Ano no Black Travel Summit, encontro internacional dedicado a líderes e organizações ligadas ao turismo negro.
“É impressionante notar como o arroz com feijão também existe aqui, assim como doces muito parecidos com a cocada e o pé de moleque. O frango com quiabo é um prato tradicional na Costa do Marfim e a mandioca também é muito presente, assim como no Brasil. O attiéké, por exemplo, lembra o nosso arroz de acompanhamento”, observou Cruz.
Mineiro de Viçosa, preto, pobre e periférico, Breno dedica sua carreira a valorizar pessoas e trajetórias invisibilizadas, mostrando que negócios bem-sucedidos podem gerar impacto social e transformar comunidades. Professor e pesquisador da UFRJ, ele também idealizou o projeto de extensão Pretonomia, que já formou dezenas de profissionais negros em gastronomia e hospitalidade, e o Prêmio Gastronomia Preta, criado para reconhecer toda a cadeia produtiva da cozinha.
“Muitas vezes essa influência africana não é conhecida ou valorizada, seja pela mídia ou mesmo por chefs de cozinha. Estar aqui me faz sentir e experimentar de perto essas conexões, reforçando como nossas culturas são próximas e precisam ser celebradas”, completou.
Realizada de sexta (19) a domingo (21) na Costa do Marfim, a 10ª edição do Salão Internacional de Turismo e Lazer de Abidjan (Sitla) reuniu expositores, investidores e delegações internacionais nas áreas de turismo, cultura, gastronomia e lazer. Organizado em parceria com a UN, agência de turismo das Nações Unidas, o evento tem como objetivo promover o turismo africano, estimular parcerias e destacar a diversidade cultural do continente.
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Além de Breno Cruz, que assinou acordo de cooperação gastronômica durante o encontro, estiveram presentes na delegação que representou o país Jennifer Cúrcio, diretora de Turismo e Lazer da Costa do Marfim para o Brasil, e Newton Ferreira, da Newmon Operadora, que se reuniu com agentes locais para incluir o destino no portfólio brasileiro.