Até 21% dos jovens se sentem sozinhos: ‘estar conectado não substitui o contato humano’”, alerta especialista

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Mesmo vivendo em um mundo cada vez mais conectado, muitos jovens ainda enfrentam a solidão. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que até 21% dos jovens entre 13 e 29 anos se sentem sozinhos com frequência.

Para a psicóloga e terapeuta Letícia Alvarenga, o problema está na diferença entre estar online e ter vínculos reais. “Estar sempre online não significa ter relações de verdade. A gente precisa de presença, de olhar no olho, de conversas com pausas e gestos. Nas redes, tudo é rápido, cheio de recortes, sem o calor humano que sustenta relações profundas”, explica.

Segundo Letícia, a hiperconexão digital cria a ilusão de proximidade. “Ela dá a sensação de proximidade, mas é só isso: sensação. Não substitui o contato que faz a gente nojse sentir parte de algo.” Quando os laços são construídos apenas na internet, os jovens podem confundir curtidas, comentários e mensagens rápidas com amizade verdadeira. “Faltam os pilares da amizade real: confiança construída com tempo, reciprocidade, convivência e presença concreta quando algo importante acontece”, completa.

O impacto é maior na adolescência e na juventude, períodos em que o cérebro ainda se desenvolve e a identidade está em formação. “Quando a validação depende das redes, qualquer crítica ou ausência de feedback pode parecer muito maior do que realmente é, aumentando ansiedade e sentimentos de solidão”, alerta a psicóloga.

A especialista afirma que a tecnologia pode ser uma aliada ou um obstáculo. “Se usada para aproximar pessoas, manter contato com quem mora longe, marcar encontros ou encontrar grupos de interesse, funciona como ponte. Mas quando substitui a vida fora da tela, a conversa perde profundidade, a comparação aumenta e os relacionamentos ficam rasos.”

Psicóloga Letícia Alvarenga /Foto: Lucas Lisbôa – Divulgação

A exposição precoce nas redes também preocupa. Crianças e adolescentes compartilham detalhes íntimos sem perceber os riscos, criando uma busca constante por aprovação. “Com o tempo, muitos jovens sentem que precisam mostrar tudo para existir. Cada saída, conquista ou pensamento só vale quando alguém vê. Isso prende a autoestima ao número de curtidas e visualizações, enquanto vínculos reais pedem tempo, confiança e presença”, explica Letícia.

Entre os sinais de alerta que podem indicar que a solidão digital se tornou um problema grave estão mudanças bruscas de comportamento, maior isolamento, abandono de atividades prazerosas, emoções à flor da pele, alterações no sono e apetite, e frases de desesperança como ‘ninguém se importa comigo’.

Para lidar com a pressão das comparações constantes nas redes, Letícia recomenda estratégias práticas: “Tenha consciência crítica e lembre que as redes mostram recortes, não a vida real. Defina limites de uso, faça detox digital, cultive relações offline, pratique autocompaixão e busque terapia quando necessário. Esses cuidados fortalecem a autoestima e ajudam a construir vínculos mais saudáveis.”

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