O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou a remoção de uma das fotografias mais emblemáticas sobre a escravidão no país, de qualquer exposição pública. A imagem retrata um homem escravizado com as costas profundamente mutiladas por chicotadas e, segundo Trump, seria “excessivamente negativa” e ligada a uma visão considerada por ele como “woke”.
A ordem de Trump está relacionada ao decreto presidencial assinado em março de 2025, intitulado “Restaurando a Verdade e a Sanidade na História Americana”. A iniciativa exige a revisão de exposições e materiais históricos considerados, pelo governo, como distorções da trajetória nacional dos Estados Unidos.
A fotografia em questão, conhecida como “Peter Chicoteado” ou “Whipped Peter”, foi registrada em 1863 e ganhou notoriedade durante a Guerra Civil Americana. A imagem mostra as marcas profundas nas costas de Peter, um homem que escapou de uma plantação na Louisiana. Após sua fuga, foi examinado por médicos da União, que documentaram a rede de cicatrizes provocadas por anos de espancamentos. A fotografia se tornou uma das evidências visuais mais contundentes contra a escravidão e circulou amplamente na época.
De acordo com o jornal Washington Post, a foto será retirada de diversos parques nacionais, como parte de uma revisão ampla que inclui placas, painéis e outras exposições relacionadas à escravidão. Um porta-voz do Serviço Nacional de Parques confirmou que materiais interpretativos estão sendo atualizados para “evitar ênfases desproporcionais em aspectos negativos da história americana”.
Trump vem intensificando críticas ao que chama de “agenda woke”, termo usado originalmente para designar consciência social e combate a injustiças como racismo, machismo, homofobia e desigualdade. No entanto, o termo passou a ser utilizado de forma pejorativa por setores conservadores para deslegitimar ações voltadas à inclusão.
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Em sua rede Truth Social, Trump afirmou que “os museus estão fora de controle” e criticou duramente o Instituto Smithsonian por apresentar conteúdos sobre a escravidão, dizendo que “só falam do quão ruim foi a história americana”. Segundo ele, “os Estados Unidos não podem ser um país woke, porque woke está quebrado”.
A decisão gerou preocupação entre historiadores e ativistas, que alertam para os riscos de apagamento da memória histórica e da negação dos traumas fundacionais da sociedade americana.
