Instituto Fogo Cruzado lança plataforma com IA contendo dados de violência armada em quatro capitais

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o Instituto Fogo Cruzado lançou uma ferramenta inédita de inteligência artificial chamada VANIA – Violência Armada em Números + IA. A proposta é tornar mais acessíveis os registros da organização, que desde 2016 já documentou mais de 63 mil episódios de tiroteios em 57 cidades brasileiras. A consulta agora poderá ser feita de maneira mais simples e interativa no site https://vaniabr.ai/.

A novidade se concentra nas regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Belém, reunindo mais de 50 indicadores sobre violência. O sistema funciona como um chat baseado em grandes modelos de linguagem (LLM) e responde tanto a perguntas diretas, como o número de tiroteios em determinada data, quanto a questões mais detalhadas, como a comparação do total de adolescentes atingidos em operações policiais em diferentes anos. Também estão disponíveis informações segmentadas por raça das vítimas, quando esse dado é informado.

Para o Instituto, a simplificação da busca abre caminho para que mais pessoas utilizem os números na formulação de análises e políticas. “Os dados são importantes para entendermos o que acontece no país e a partir disso desenvolver políticas públicas. E o recorte racial é parte essencial disso, porque com ele fica evidente quem é a parcela da população mais atingida pela violência. Disponibilizá-los por meio de uma ferramenta de consulta simples e intuitiva é mais um passo nesse sentido”, explicou Marianna Araujo, diretora de comunicação e inovação da entidade.

o Instituto Fogo Cruzado lançou uma ferramenta inédita de inteligência artificial chamada VANIA – Violência Armada em Números + IA – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

Além do novo recurso, o banco de dados continua disponível em tempo real e pode ser acessado sem custo também pelo aplicativo do Fogo Cruzado, presente em sistemas Android e iOS. Nele constam ocorrências como disparos envolvendo agentes de segurança, casos de balas perdidas, além de vítimas identificadas por faixa etária — crianças, adolescentes, adultos e idosos. Há ainda classificações segundo localidade, contexto e motivação dos disparos.

O Instituto utiliza o termo “balas perdidas” em sua metodologia. No entanto, nem todas as organizações concordam com essa denominação. A Revista Afirmativa, por exemplo, contesta a expressão e entende que os atingidos não são acidentais, mas vítimas de uma política de extermínio promovida pelo Estado.

Com a implementação da VANIA, o Fogo Cruzado aposta na combinação de tecnologia e monitoramento social para facilitar o acesso a informações sobre violência armada, ampliando as possibilidades de análise para jornalistas, acadêmicos, ativistas e gestores públicos.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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