Itaú demite bancários do home office sem aviso e sem diálogo com o sindicato

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Itau, o maior banco privado do Brasil - Foto: Getty Imagens

O banco Itaú Unibanco, maior instituição financeira privada do Brasil, realizou a demissão em massa de cerca de mil bancários e bancárias que atuavam em regime de trabalho remoto ou híbrido. A informação foi divulgada pelo Sindicato dos Bancários, que denuncia a ausência de advertência prévia e a falta de diálogo com os representantes dos trabalhadores.

Segundo o sindicato, os demitidos atuavam nas unidades do Centro Tecnológico (CT), CEIC e na sede da Faria Lima, em São Paulo. A justificativa do banco foi a “baixa aderência ao home office”, com base em um monitoramento das atividades desses funcionários que teria durado mais de seis meses.

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Itau, o maior banco privado do Brasil – Foto: Getty Imagens

Os trabalhadores foram dispensados sem qualquer advertência prévia e sem qualquer diálogo com o Sindicato, num claro desrespeito à categoria e à relação com o movimento sindical”, afirma a entidade.

A nota oficial divulgada pelo Itaú diz que os desligamentos ocorreram após uma “revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e registro de jornada”. Ainda de acordo com o banco, “em alguns casos, foram identificados padrões incompatíveis com nossos princípios de confiança, que são inegociáveis”.

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Monitoramento e produtividade: o que diz a lei?

As demissões reacenderam o debate sobre os limites do controle da produtividade no home office. O direito do empregador ao monitoramento das atividades remotas é previsto pela legislação brasileira, desde que respeite a transparência, a proporcionalidade e a finalidade legítima, conforme determina a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

Especialistas em direito trabalhista alertam que a simples inatividade no computador, por longos períodos, não pode ser interpretada automaticamente como falta de produtividade. Isso porque nem todas as tarefas exigem interação contínua com o sistema da empresa. Além disso, é essencial respeitar o chamado “direito à desconexão”, ou seja, o trabalhador não pode ser exigido a permanecer online o tempo todo.

Segundo o diretor do Sindicato, Maikon Azzi, também funcionário do Itaú, o banco falhou em fornecer qualquer feedback ou advertência durante os meses de monitoramento.

Hoje fomos surpreendidos com essa demissão em massa. O banco afirma que os desligamentos se baseiam em registros de inatividade nas máquinas corporativas, mas isso desconsidera a complexidade do trabalho remoto, falhas técnicas, contextos de saúde e a própria organização do trabalho nas equipes”, explica Azzi.

O Itaú Unibanco conta com mais de 96 mil funcionários e registrou lucro de R$ 11,5 bilhões apenas no segundo trimestre de 2025. O sindicato afirma que 518 postos de trabalho já foram cortados nos últimos 12 meses, e que o quadro atual de pessoal estaria em torno de 85 mil colaboradores.

O caso segue em apuração pelo movimento sindical, que exige transparência, reintegração e respeito às garantias legais da categoria bancária.

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