Em 2005, o jongo foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Para comemorar os 20 anos desse título e avaliar os resultados do plano de salvaguarda do gênero musical coreográfico afro-brasileiro, considerado um dos pais do samba carioca, lideranças de comunidades jongueiras criaram um calendário de festas, eventos e projetos comemorativos, a começar por dois grandes encontros de jongos, em julho e agosto, no Vale do Café e na Praça Tiradentes.
De quinta a sábado, entre os dias 14 e 16 de agosto, justamente na Semana do Patrimônio Histórico Nacional, no Encontro de Jongueiros, na Praça Tiradentes, Centro do Rio, ao lado das comunidades de jongo do interior. Estão previstas rodas de jongo, shows de samba, oficinas com mestres, um seminário no Teatro Carlos Gomes, exposição fotográfica na praça e o lançamento do projeto Museu do Jongo, que será um portal com mais de 5 mil fotos e vídeos sobre comunidades de jongo. Dois curtas-metragens dirigidos por Marcos André, vão estrear no evento: “Jongo do Vale do Café” e “Mestres do Patrimônio Imaterial do Estado do Rio”.
Também conhecido como caxambu, o jongo é uma dança de roda cujas matrizes vieram de Angola, trazidas pelos negros escravizados da nação Bantu para as fazendas de café do Vale do Rio Paraíba. O seu gingado riscou o chão de terra batida das senzalas da região até que, com a abolição, a dança desceu a serra e se instalou no alto das favelas cariocas, trazida pelos futuros fundadores das escolas de samba. Alguns núcleos familiares permaneceram na região, fincaram raízes e originaram quilombos no Vale do Café, onde o jongo é preservado em toda a sua essência e tradição original.
Antiga sede da Fazenda São José dos Pinheiros, com mais de 3 mil escravizados, o Parque das Ruínas de Pinheiral é gerido hoje pelas mestras da comunidade centenária do Jongo de Pinheiral, lideradas pela lendária Mestra Fatinha do Jongo. A virada de superação e reparação vai além: no local será instalado por elas um Parque Temático sobre a história do negro na região, através de recursos do Programa PAC, do Governo Federal.
Estão previstas construções de um museu a céu aberto, de uma escola de jongo, de uma biblioteca afro, de um centro turístico e de um restaurante de culinária étnica – tudo a ser gerido pelas notáveis lideranças femininas do Jongo de Pinheiral, herdeiras desta rica tradição, e que, ombro a ombro com os outros quilombos da região, criaram o Circuito Afro do Vale do Café a fim de atrair turistas e gerar sustentabilidade às suas comunidades centenárias.
Praça Tiradentes vai virar quilombo
A ser realizado entre os dias 14 e 16 de agosto, durante a Semana do Patrimônio Histórico Nacional, o Encontro de Jongueiros transformará a Praça Tiradentes num grande quilombo, com a presença de cerca de 18 comunidades de jongo e, aproximadamente, 400 jongueiros. Uma longa e variada programação já está definida e será divulgada na próxima semana.
Os eventos contam com incentivo da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio, do Governo do Estado, da Prefeitura do Rio de Janeiro através da Secretaria Municipal de Cultura, do Ministério da Cultura, através da Lei Aldir Blanc e conta com o apoio da Emenda do Pastor Henrique Vieira, do IPHAN e da Prefeitura de Pinheiral.
Fazem parte da realização do 4º Encontro de Jongos do Vale do Café e do Encontro de Jongueiros a Rede de Jongo do Vale do Café, a Rede de Patrimônio Imaterial do Estado do Rio, o Jongo de Pinheiral, a Companhia de Aruanda, o Rio Criativo, o Instituto Floresta, o CREASF – Centro de Referência Afro do Sul Fluminense, Bárbara Constância e Pai Dário Onisegun.
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