Pessoas têm postado menos ou abandonado posts frequentes nas redes sociais. Segundo apuração da BBC, o fenômeno, observado especialmente entre a Geração Z (contemplando os nascidos entre 1995 e 2010), reflete uma mudança profunda na forma como consumimos e compartilhamos conteúdo digital.
O uso intensivo das redes sociais está associado a problemas como ansiedade, má qualidade do sono e insatisfação com a própria vida. A psicoterapeuta Hilda Burke afirmou em entrevista que “ver a soma de tudo isso pode ser um alerta poderoso”: muitos clientes identificam relação entre tempo online excessivo e desgaste emocional.
O jornalista Kyle Chayka, autor de Mundo Filtrado, observa que o que antes era uma informal partilha de momentos pessoais transformou-se em um palco dominado por influenciadores, anúncios e conteúdo patrocinado. Esse deslocamento criou um fenômeno que ele chama de “postagens zero”, onde as pessoas compartilham menos porque concluíram que não há mais valor em expor sua vida nas redes públicas.
A reportagem diz que essa mudança é também uma questão geracional. Muitos jovens mantêm perfis praticamente vazios (a chamada ‘feed zero’) ou utilizam apenas stories e conversas privadas. Eles evitam a pressão estética, a busca por curtidas e o medo constante de julgamento.
Uma análise recente publicada na The New Yorker, citada pela BBC, alerta para o crescimento do “posting ennui”: um cansaço por postar diante de algoritmos que favorecem conteúdo curado e polido. Fotografias simples de café da manhã no Instagram, que era símbolo dos primeiros tempos das redes, já não fazem sentido em meio a feeds dominados por criadores profissionais e publicitários. A consequência é a gradual eliminação dos usuários comuns do ecossistema digital.
No fim das contas, muita gente está postando menos porque se cansou da cobrança e da comparação constante. Para essas pessoas, deixar de expor a vida online tem sido uma forma de cuidar da mente, preservar a privacidade e viver com mais calma.
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