Sob intensa pressão internacional, Israel voltou a permitir ajuda humanitária aérea na Faixa de Gaza, na Palestina, autorizando países estrangeiros a lançar suprimentos por paraquedas a partir de sexta-feira (25). A medida ocorre em meio a uma crise humanitária grave, com relatos de desnutrição e fome em massa entre os palestinos.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 100 pessoas já morreram de fome desde março, sobretudo crianças, desde que Israel bloqueou completamente a entrada de suprimentos básicos. Agências como UNICEF e OMS denunciam que centenas de milhares estão em condições extremas de desnutrição aguda. Só em julho, a UNICEF atendeu 5 mil crianças nessas condições. A OMS também qualificou o cenário como “fome de origem humana”, atribuindo-o às restrições israelenses sobre a ajuda humanitária.

Mais de 100 organizações não governamentais alertaram para a propagação de fome em massa em Gaza, denunciando que a distribuição de ajuda está drasticamente abaixo do necessário; são cerca de 28 caminhões por dia, segundo comunicado de entidades como Anistia Internacional, MSF, Oxfam e Save the Children. Um em cada três habitantes vive dias sem se alimentar, e milhares estão à beira da fome catastrófica.
Um relatório do Integrated Food Security Phase Classification (IPC — Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar, em português) divulgado em maio trouxe dados alarmantes: 470 mil pessoas enfrentam fome catastrófica (fase IPC 5), e pelo menos 71.000 crianças e 17.000 mães precisam de tratamento urgente por desnutrição aguda.
Segundo o Brasil de Fato, o Unicef ainda informou que, apenas de janeiro a maio de 2025, mais de 16.000 crianças entre 6 meses e 5 anos foram internadas por desnutrição aguda, um aumento recorde que representa cerca de 112 novos casos por dia, dos quais 636 foram severos.
A recente abertura para a entrega representa uma pequena concessão diante da gravidade da situação. E segundo a ONU, cerca de 6.000 caminhões permanecem bloqueados nas fronteiras com Egito e Jordânia, prontos para entrar, mas sem autorização.
A decisão israelense de permitir ajuda via ar vem após intensa pressão global, mas ainda faz frente a um cenário crítico de desnutrição e fome generalizada, com necessidades humanitárias urgentes que permanecem insatisfeitas.
Fases do IPC:
O sistema classifica as situações em cinco fases, sendo:
- Fase 1 – Mínima;
- Fase 2 – Pressão alimentar;
- Fase 3 – Crise;
- Fase 4 – Emergência;
- Fase 5 – Fome catastrófica (a mais grave).
Quando o relatório do IPC aponta que Gaza tem 470 mil pessoas na Fase 5, isso significa que essa parcela da população está vivendo condições de fome extrema, com risco real de morte por inanição, falta de alimentos e colapso nos sistemas de saúde e nutrição.
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