Barro Mulher: solo cênico biográfico aborda memórias de uma mulher negra com poética inspirada na orixá Nanã

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Das vivências como uma mulher negra e inspirada na poética da orixá Nanã, a atriz e coreógrafa baiana Fabíola Nansurê lança seu mais novo monólogo “Barro Mulher”. O espetáculo abre temporada em Salvador (BA) a partir desta sexta-feira (14), até 30 de março, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, sempre às 20h. Estudantes e pessoas de terreiro podem assistir o espetáculo gratuitamente.

A obra cênica-biográfica atravessa arte e ancestralidade para contar uma história de renascimento. Inspirada na poética da Yabá Nanã, senhora do tempo, da vida, da morte e da sabedoria, o espetáculo acompanha a jornada de uma mulher que se refaz e se fortalece a partir da memória e da relação com sua Yalorixá, dentro do terreiro de Candomblé.

O espetáculo fica em cartaz até o final do mês de março /Foto: Joan Souza

Fabíola é a intérprete-criadora do monólogo e tem ganhado projeção na cena nacional e internacional desde a circulação do seu também espetáculo autoral premiado “Rosas Negras”, onde se apresentou nos teatros Ruth de Souza (RJ) Sesc São Paulo e diversos palcos de Salvador, além de uma temporada em três cidades de Portugal (Lisboa, Portimão, Loulé e Faro).

Eu fui formada artisticamente dentro de um terreiro de candomblé. A obra é um mergulho sensível na minha vivência, que, ao me confirmar como Ajoiê, iniciei um processo de escrita intitulado CANDOMBLESIA, que transformou meus Escritos de Runcó – espaço sagrado de recolhimento para iniciação no candomblé – em poesia cênica. Depois dei corpo, voz e música nessa obra artística  que fala de renascimento e resistência”, afirma Fabíola.

O espetáculo é criado, dirigido e coreografado por Fabíola Nansurê, tem direção musical e trilha de Jarbas Bittencourt, e é inspirado na concepção poética do Teatro Preto de Candomblé, cunhado pela encenadora Onisajé, que também assina a consultoria de encenação e dramaturgia. O figurino é de Anthea Xavier; cenografia, adereços e maquiagem de Agamenon de Abreu; iluminação de Nando Zâmbia; produção de Luiz Antônio Sena Jr. e mediação de Silara Aguiar.

Na encenação, corpo, voz e música se entrelaçam, conduzindo o público por um rito de celebração e pertencimento. A figura de Nanã se torna guia e inspiração para essa travessia, revelando, em cada gesto e em cada som, as camadas de uma história marcada pelo feminino, pelo sagrado e pela potência do barro que molda e ressignifica.

“Mais do que um espetáculo teatral, Barro Mulher é um chamado ao encontro, à escuta e ao reconhecimento da força ancestral feminina que ecoa através do tempo”, conclui a atriz. 

Estudantes e pessoas de terreiro podem assistir o espetáculo gratuitamente, entrando em contato através do e-mail espetaculobarromulher@gmail.com ou do whatsapp 71 98390-7308. As apresentações ocorrem todas as sextas, sábados e domingos.

Nas apresentações de sábado, haverá de tradução em libras e, em seguida, o público poderá participar de rodas de conversa com a atriz Fabíola Nansurê. A atriz irá compartilhar questões relativas ao processo de criação, que envolve desde as questões cênicas até os contextos de formação como ajoiê. Em Alagoinhas também haverá tradução em libras e uma roda de conversa.

O espetáculo “Barro Mulher” é uma realização do Oyá L’adê Inan Ponto de Cultura, com produção assinada pela DA GENTE Produções.

Este projeto  foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.

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