Polícia da África do Sul resgata 246 sobreviventes e recupera 78 corpos em mina de ouro Ilegal

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Mina onde trabalhadores ilegais foram resgatados tem 2,5 quilômetros de profundidade Foto: DW / Deutsche Welle

A polícia sul-africana concluiu, nesta quarta-feira (15), uma operação de resgate em uma mina de ouro abandonada na cidade de Stilfontein, resultando na recuperação de 78 corpos e no resgate de 246 sobreviventes. As autoridades suspeitam que as vítimas tenham falecido devido à fome e desidratação.

Os mineiros, conhecidos localmente como “zama zamas”, operavam ilegalmente na mina de Buffelsfontein, que possui profundidade de 2,5 quilômetros. Eles estavam presos há meses em um dos pontos de extração de ouro mais profundos do país. Após o resgate, todos os sobreviventes foram detidos sob acusações de mineração ilegal e invasão de propriedade. Observadores relataram que muitos dos resgatados apresentavam sinais de desnutrição e desorientação.

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Mina onde trabalhadores ilegais foram resgatados tem 2,5 quilômetros de profundidade Foto: DW / Deutsche Welle

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A operação encerra um cerco policial que visava coibir a mineração ilegal na região. Organizações da sociedade civil acusaram a polícia de bloquear o acesso a suprimentos de comida e água como estratégia para forçar a saída dos trabalhadores ilegais. Essa tática foi defendida por autoridades sul-africanas como uma medida necessária para combater a criminalidade associada à mineração ilegal, que, segundo o ministro de Minas, Gwede Mantashe, custou ao país mais de US$ 3 bilhões no último ano.

Entretanto, grupos de defesa dos direitos humanos criticaram a abordagem das autoridades, alegando que a privação de recursos essenciais contribuiu para as mortes por fome e desidratação. A Federação Sul-Africana de Sindicatos acusou o governo de negligência intencional, permitindo que os mineiros “morressem de fome nas profundezas da terra”. A polícia, por sua vez, negou as acusações, afirmando que nunca bloqueou as saídas da mina e que os mineradores permaneceram no subsolo por receio de serem presos.

A maioria dos mineradores resgatados é originária de países vizinhos, como Moçambique, Zimbábue e Lesoto, refletindo a complexidade socioeconômica da mineração ilegal na África do Sul. A prática é comum em regiões ricas em recursos minerais, onde mineradores sem documentação adequada exploram minas abandonadas, muitas vezes sob condições perigosas e insalubres.

Diante das críticas, o Partido da Aliança Democrática, o segundo maior da coalizão governamental, solicitou uma investigação independente para apurar as circunstâncias das mortes e a conduta das autoridades envolvidas na operação.

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