“A elite baiana não respeita a cultura negra”, diz cantor Márcio Victor em entrevista

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O cantor baiano Márcio Victor, da banda Psirico, participou do programa Vem Que Tem, da Rádio Metrópole, na última terça-feira (07), e durante a entrevista criticou a falta de valorização da cultura negra na Bahia. “A elite baiana não respeita a cultura negra“, disse o cantor.

O artista continuou: “Chego em certos eventos da elite, e as pessoas presentes não sabem cantar uma música do Ilê Aiyê, nem mesmo ‘Pediu um beijo você me negou, seu corpo arde de pura paixão’”. Em sua fala Márcio cita a letra da música “Deusa do Ébano II” do tradicional bloco baiano Ilê Aiyê, que completou 50 anos no último ano.

Ainda de acordo com o artista durante a entrevista, a falta de conhecimento e proximidade com elementos importantes da cultura afro-brasileira da Bahia, é o retrato da falta de respeito. O cantor inclusive, contou sobre um episódio em que foi alvo de preconceito por frequentadores de um camarote no Carnaval, enquanto se apresentava.

Ele jogava bebida nos dançarinos, jogava balde de gelo em mim, ficava dizendo que meu público estava fedendo, que estava poluindo o ambiente do camarote. E eu falei: ‘ Meu irmão você está errado, o carnaval da Bahia é o carnaval do povo preto, pobre, que vai pra rua“, contou.

Márcio também falou sobre a presença desse mesmo grupo por exemplo na festa de 2 de fevereiro, em homenagem a orixá Iemanjá, uma tradicional celebração na Bahia. “Mas que a gente entenda que no Rio Vermelho tem: ‘Jogou sua rede o pescador...'”, e que já que o povo da Bahia “endeusa os artistas com muito amor”, não é necessário ter distinção entre as pessoas e a elite, e desrespeitar a religião dos outros.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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