No Estado do Rio de Janeiro, a adoção de crianças por casais homoafetivos registrou um aumento expressivo de 700% entre 2019 e 2023, de acordo com dados do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Enquanto em 2019 apenas cinco crianças encontraram um novo lar por meio de adoção homoafetiva, em 2023, esse número saltou para 37. O crescimento reflete o fortalecimento dos direitos da população LGBTQIA+ no país.
A adoção por casais homoafetivos é permitida no Brasil desde 2015, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu o direito de uniões homoafetivas à adoção conjunta. Desde então, iniciativas de conscientização e mudanças culturais têm ampliado as possibilidades para que casais do mesmo sexo construam famílias. O Rio de Janeiro, em especial, tem se destacado nesse cenário, liderando campanhas e promovendo seminários sobre a importância da diversidade na formação familiar.
Segundo o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), há atualmente mais de 4 mil crianças e adolescentes aguardando por adoção em todo o país. Dessas, 65% possuem mais de sete anos ou fazem parte de grupos de irmãos, perfis frequentemente preteridos por adotantes. No entanto, casais homoafetivos costumam demonstrar maior flexibilidade em relação a essas características, o que tem contribuído para reduzir o tempo de espera dessas crianças nos abrigos.
“A diversidade das famílias representa uma oportunidade para que mais crianças sejam acolhidas e cresçam em um ambiente seguro e amoroso”, afirma Maria Clara Souza, psicóloga especialista em adoção. Para ela, o aumento das adoções por casais homoafetivos também ajuda a quebrar preconceitos e estereótipos ainda presentes na sociedade. “Quando olhamos para as estatísticas, vemos que o amor e o comprometimento são os fatores mais importantes na formação de laços familiares, independentemente da orientação sexual dos pais”, complementa.
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O aumento significativo das adoções por casais homoafetivos também destaca a importância de legislações inclusivas e de políticas públicas que promovam a igualdade de direitos. Campanhas educativas e iniciativas como a capacitação de equipes do judiciário e dos serviços de acolhimento têm sido fundamentais para assegurar que todos os processos ocorram de forma justa e sem discriminações.
Para muitos especialistas, o crescimento das adoções por casais do mesmo sexo no Rio de Janeiro simboliza não apenas uma mudança legal, mas também um avanço cultural. “Cada criança adotada é um testemunho do poder transformador do amor e da inclusão”, conclui Maria Clara. E, com a ampliação do reconhecimento das diversas formas de família, o Brasil dá passos significativos em direção a uma sociedade mais justa e igualitária.