Um pedido público de perdão à população afro-brasileira pelas violações sofridas desde a escravidão e seus efeitos foi feito pelo governo brasileiro nesta quinta-feira (21). A iniciativa foi feita em um evento que reuniu personalidades como a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania Macaé Evaristo, a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, e do advogado-geral da União, Jorge Messias.
“A União manifesta publicamente seu pedido de desculpas pela escravização das pessoas negras, bem como de seus efeitos, reconhece que é necessário envidar esforços para combater a discriminação racial e promover a emancipação das pessoas negras brasileiras. Por fim, compromete-se a potencializar o foco de criação de políticas públicas com essa finalidade”, declarou o advogado-geral da União, Jorge Messias.
O pedido parte de acordo entre a União e a Educafro Brasil. Em 2022 a fundação entrou na justiça pedindo a condenação do Estado por omissões e ações que contribuíram para o racismo no país. Também é pedido a reparação de danos causados à comunidade afro-brasileira.
“Nessa caminhada de luta, que é abolicionista, que a gente lutou e continua lutando por liberdade, a gente vem construindo a cada dia passos muito importantes. Essa memória de mais de 300 anos de escravatura não acaba no 13 de maio, porque o 14 de maio começa com o total abandono da população negra no país”, lembrou Macaé Evaristo na luta da população negra por igualdade, liberdade e conquista de direitos.
“Toda essa construção foi sendo trabalhada com muita luta e com muita força pelos movimentos negros ao longo do século XX e no início do século XXI, assim como o dia de hoje também é resultado dessa luta e de ações efetivas de muitos atores do movimento negro que fazem com que o Estado brasileiro vá mudando e se reconstruindo porque, infelizmente, ainda hoje, a gente tem um Estado impregnado pelo patrimonialismo, pelo racismo e pelo colonialismo”, finalizou Macaé.
O evento reuniu o lançamento da plataforma do JurisRacial, que compila e disponibiliza documentos jurídicos sobre a temática racial e foi disponibilizada depois da reunião.
“O que falta muitas vezes na luta antirracista é empatia e respeito, toda pessoa negra tem alguma experiência que toca num lugar diferente. Pra gente chegar aqui, entendendo tudo o que veio antes, mas requer também saber onde a gente quer chegar.” declarou Anielle Franco.
Durante o evento para o pedido de perdão, a Educafro lembrou da ADPF 973 e pediu que o ministro Jorge Messias apresente ao ministro Luiz Fux, relator da proposta, uma câmara de conciliação.
Confira a nota na íntegra e assista o vídeo.
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