Em meio a uma imersão sobre a memória, identidade e resistência na literatura durante a FLINKSAMPA – Festa Internacional do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra em São Paulo, neste domingo (17), a atriz, cantora, poetisa e escritora Elisa Lucinda, disparou: “Parece que tudo que conheci da vida, na minha adolescência, foi a poesia que me ensinou”.
A fala da artista que já possui mais de 20 livros publicados, revela a dimensão da sua relação com a literatura.
Em entrevista ao Notícia Preta, ao final de sua mesa, que fechou o evento que compõe a Virada da Consciência 2024 em São Paulo, Elisa Lucinda ainda destacou as conquistas alcançadas pela comunidade negra não só no campo da literatura, mas da educação também.
“Há 30 anos atrás eram pequenos nichos, e as pessoas que não estavam nas nossas corporações pensavam: ‘Ah deve ser uns pretos lá jogando capoeira’. Mas era a nossa resistência para chegarmos até aqui, pra transformar o dia 20 em feriado nacional. Não foi fácil, mas o país está cheio de negros escritores, que entraram no Prouni e pelo sistema de cotas e viraram universitários, e nós não vamos retroceder”, afirmou Elisa.
Na mesa junto com Elisa Lucinda, também participaram a jornalista e escritora Eliana Alves Cruz, e a escritora Cubana Teresa Cárdenas.
Antes dela, o dia abriu com a mesa Racismo Algorítmico: inteligência artificial e discriminação nas redes digitai, com Tarcízio Silva e Douglas Calixto debatendo o retrato da discriminação na realidade para o meio virtual. Depois, a mesa “Literatura Negra e Literatura Periférica no Brasil” que contou com os escritores Cidinha da Silva, Paulo Lins e Oswaldo de Camargo, tratou das mudanças e nuances dessa literatura desde os anos de 1960 até os dias atuais.
Na mesa, o poeta e jornalista Oswaldo de Camargo, referência da literatura negra, destacou a importância da FlinkSampa e do objetivo da iniciativa.
“Eu fui um homem premiado como escritor. Eu andei com Carolina Maria de Jesus, Solano Trindade era um grande amigo. Eu andei com Guilherme de Almeida, com Lygia Fagundes Telles. Vida literária para mim foi fundamental, e essa reunião para mim é fundamental também. Ela é uma grande amostragem de uma riquíssima vida literária”, afirmou.
Virada da Consciência 2024
O evento acontece na capital paulista até a próxima quarta-feira (20), Dia da Consciência Negra, que pela primeira vez será comemorado como feriado nacional.
Ao longo do evento, a programação conta com congressos, literatura, atividades artísticas e esportivas abertas ao público, além de premiações.
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A 7ª Virada da Consciência 2024 tem o patrocínio master do Grupo Carrefour Brasil, um parceiro de longa data que sabe da importância de fazer parte de encontros que promovem reflexões sobre a cultura afro-brasileira e a luta contra o racismo. A companhia acredita que quando se desenvolve um debate relevante, consequentemente se trabalha para a construção de um futuro mais inclusivo, mais diverso e mais sustentável.