Pesquisa foi produzida pelo Observatório de Favelas do Rio de Janeiro
O Instituto Observatório de Favelas publicou, na última quarta-feira (12), a sétima edição do Mapa Social do Corona sobre as populações do Rio de Janeiro. Segundo o estudo, mesmo que a contaminação comunitária tenha começado pela zona sul da cidade, os bairros que registraram mais casos e maior número de óbitos foram os periféricos, com maior presença da população negra. Ainda de acordo com a publicação, os números deixam explícitos os efeitos da pandemia nas comunidades mais carentes. Os dados apontam que quase 40% dos casos no Rio de Janeiro, tanto os confirmados como os óbitos, não tem informações suficientes sobre a incidência da doença nessa população. “Tal prática revela outra face do racismo institucional nas práticas governamentais da gestão de saúde. Desconsiderar a importância destes dados é também minimizar a vida e o direito à saúde da maior parcela da população brasileira”, revelou o mapa.
O levantamento revela ainda que a maior parte dos óbitos ocorre em bairros com a predominância da população negra, superando 60% das mortes por Covid-19. “Até a realização deste texto, a taxa de letalidade na zona sul do Rio de Janeiro é de 5% de óbitos, ao passo que em uma favela em Campo Grande esta taxa chega a 26,9% de óbitos”, mostrou o estudo.
Regionalização dos dados
O Mapa Social revelou também uma desigualdade nos números quando se analisa os perfis dos óbitos. Em áreas mais vulneráveis, como a Cidade de Deus, por exemplo, a taxa de mortalidade de pessoas entre 20 e 49 anos chega a 3,92%, já na Barra da Tijuca, o percentual é de 1,64%, praticamente metade do valor em percentuais.
Outro dado apresentado pelo estudo é que a média de idade dos óbitos por Covid-19 varia de localidade. Em Botafogo, por exemplo, a média é de 77,9 anos, já na Rocinha, essa média cai para 68,7 anos. Ou seja, os números mostram que a diferença é de quase 10 anos entre as duas regiões, classe média e favela.
Suporte na saúde
O suporte na saúde também é demonstrado no estudo do Mapa e mostra que a distribuição de equipamentos de saúde é menor em bairros periféricos, principalmente nos extremos norte e oeste da capital carioca. Segundo o estudo, esse dado impõe barreiras para as populações periféricas no primeiro atendimento à Covid-19, como nas Unidades Básicas de Atendimento, e também no acesso aos leitos hospitalares com suporte mais adequado ao tratamento da patologia.