“Liberdade ou Morte: histórias que a História não conta” é o título da web série composta por sete narrativas (fotográficas, textuais e audiovisuais) que destacam a agência indígena e negra em territórios paulistanos considerados representativos das contradições do projeto de nação forjado a partir da Proclamação da Independência do Brasil.
O lançamento, que conta com apoio da Cojira-SP (Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial) será na próxima sexta-feira (21), às 19 horas, no auditório do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo (Rua Rego Freitas, 530, Vila Buarque), onde haverá a exibição da primeira narrativa, que tem como título “Caminhada Luiz Gama Imortal”, celebrando os 194 anos de nascimento do escritor, jornalista e advogado abolicionista negro, nascido em 21/06/1830.
A programação terá início às 18 horas, com concentração e ato público em frente ao busto do homenageado, no Largo do Arouche, seguido de um cortejo em direção à sede do sindicato.
Organizados pelo Instituto Tebas de Educação e Cultura, cada um dos sete episódios da web série é constituído de duas obras artísticas: um ensaio de imagens do fotógrafo João Leoci, combinado com uma crônica de autoria do escritor Abilio Ferreira; e um audiovisual dirigido pelo antropólogo e documentarista Alexandre Kishimoto.
O enredo tem como referência crítica as programações do bicentenário da independência comemorado em 2022, razão pela qual reúne documentos, imagens, textos e depoimentos de representantes de movimentos sociais organizados e atividades que mostram outra realidade, diferente da versão oficial. Os outros seis títulos são os seguintes: Marcha Noturna Pela Democracia Racial; Marcha das Mulheres Negras; Cerco de Piratininga; Marcha da Consciência Negra; Chaguinhas, o santo negro da Liberdade e Saracura Vai-Vai.
Todos os episódios, a começar pelo lançamento do dia 21 de junho, estarão disponíveis no site www.institutotebas.org.br ao longo do segundo semestre deste ano, em datas que serão oportunamente divulgadas.
“Lançamos mão dessa variedade de linguagens – vídeo, música, design, foto, texto – na tentativa de dar conta da maneira como a agenda do movimento antirracista paulistano dialoga com o processo histórico de interpretação do Brasil, tendo como marco referencial a narrativa do grito do Ipiranga, que teria ocorrido no dia 7 de setembro de 1822. As peculiaridades dessas linguagens se articularão mediadas por um conteúdo comum que é a agenda mencionada. Entretanto, caberá à narrativa textual explicar as relações existentes entre essa agenda e os acontecimentos ocorridos ao longo de dois séculos de fundação desse projeto brasileiro de nação”, disse Abílio Ferreira.
Para os autores a proposta principal é dar acesso às pessoas a um conjunto de informações que relacionam as ideias e os lugares, através da vocação educadora do movimento negro brasileiro, como um produtor de saberes emancipatórios e sistematizador de conhecimentos sobre a questão racial no Brasil, seguindo o pensamento da ativista e educadora Nilma Lino Gomes.
O projeto é financiado por uma emenda parlamentar da vereadora Luana Alves (PSOL/SP) e executada pelo Farol Antirracista, política pública da Secretaria Municipal de Relações Internacionais (SMRI) de São Paulo. Liberdade ou Morte: histórias que a História não conta descreve uma agenda de lutas que, desenvolvida entre os meses de maio e novembro da nossa contemporaneidade, reelabora, no presente, a longa história popular de resistência contracolonial e antirracista.
A expressão “Liberdade ou Morte” remete ao lema da Revolução do Haiti (1791-1804), numa interpretação crítica do projeto de nação veiculado pelo grito do Ipiranga (Independência ou Morte), cujo bicentenário foi comemorado em 2022, em plena retomada das mobilizações coletivas pós-pandemia. Já o subtítulo “histórias que a História não conta” lembra um dos versos do emblemático samba-enredo da Mangueira História para ninar gente grande, campeã do carnaval carioca de 2019.
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